quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Flagrantes do Viver - Crônicas de Angela Togeiro


Flagrantes do Viver - Crônicas de Angela Togeiro


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Flagrantes do Viver , de Crônicas, de Angela Togeiro,a premiada autora,no Brasil e no Exterior, reflete o feitio peculiar dessa pessoa talentosa.

Com um trabalho bastante eficiente e verdadeiro pelas Academias às quais pertence, entre as quais a AFEMIL -da qual é a segunda Vice-Presidente eleita recentemente-e a AMULMIG, na capital mineira, também pertence a outras no estado de Minas e mesmo no Exterior.No prólogo , conta que aio reunir suas crônicas percebeu que o fio condutor das mesmas era sualuta pela PAZ.Não foi à toa que a indiquei para Embaixadora da paz, pelo Cercle Universal de les Ambassadeurs de La Paix ( em Genebra Suiça, com Presidência em Orrange, na França).

Na verdade, ao organizarmos o evento paz e Poesia , em Belo Horizonte e a tivemos agregada com sua prestatividade inerente a cada ação, sua cordifraternidade, pude observar de perto essas suas águas que escorrem da rocha e correm mansas.Não que ela seja passiva e om


issa, muito pelo contrário.
Tem o senso crítico que somente os talentosos conseguem ter, mas sem ostentação.
nascida em Vlta Redonda, RJ, radicada em Minas Gerias, pertence , na qualidade de sócia fundadora, à Academia de Letras do Brasil, da cidade primaz de Minas, Mariana.

De elevado senso familiar, repete que a família vem sempre em primeiro lugar , o que aprendeu de sua mãe -e para seu patrono, na cadeira 12 da ALB, escolheu seu bisavô , Francisco Sodero.O sangue italiano, romântico, afetivo, apaixonado, aparece em seus textos e palavras, o que não a impede de , mineiramente, ter a arte de ser contida-e poucos, talvez apenas os mais íntimos, saibam o que pensa, deseja ou pretende fazer.

No entanto, é mulher de atitude, já a vi destilar palavras/setas e atingir objetivos, sem levantar a voz.Organizada, estabelece as próprias metas e diretrizes, o desejo pessoal, um grande tabuleiro de xadrez, para onde canaliza inteligência e vontade, sensibilidade e senso crítico.

Além dos dotes literários e humanitários, é excelente cozinheira, gosta de gatos e plantas.E eu gosto muito de ler essa pessoa, cujo discurso escrito para apresentar-me na AFEMIL foi bastante convincente, fruto de pesquisa:tudo que ela faz, é ponto sem nó mesmo.E gosto de estar com ela, Claudio Márcio Barbosa, poeta belorizontino, sempre comenta seu senso de humor.E, já se sabe, expressar bem o bom humor não é para qualquer um.

Isso tudo aparece em seus livros:na mente fértil, ferve o cadeirão do imaginário e ela aplica as vivências na ficção, assim como nos oferece essas crônicas recheadas de cotidiano, onde personagens e protagonistas têm modelo-personalidade, face, comportamento.Ao seu olhar, tudo passará pela transform/Ação estilística e literária.

E filosofa com propriedade.Ao falar sobre a roda dos enjeitados-a que chama "roda do abandono- conclui que , na atulaidade, é preciso tirar a família dessa r9oda do abandono.Quando trabalhei no Rio no projeto Saúde, Vida, Alegria (CECIP/Kellog), a Dra Dirce Drac, que fora secetária de darcy Ribeiro, presenteou-me com um livro sobre Direitos da Criança e justamanente foi essa Roda vergonhosaonde as motivações par entrega as crianças geradas tinham motivo mai moralistas que de necessidade fibnancer, muitas vezes- , que me impactou mais, ao ler a história, a evolução da criação de menores em osso País.Aliás, Angela e eu temos muitos pontos de interesse comum-e por isso, quando conversamos a conversar, são longas horas de troca e soma.Mesmo por telefone, do qual nem uma de nós gosta muito.Ainda assim...

Na capa do livro-ela própria formata, até chegar ao ponto de enviar a uma editora- nesse caso, a AllPrinte- uma foto:todos nós fotografamos uns aos outros, perto desse pássaro, clicado por Regina Mello, exposto na Galeria da Árvore (*), na mostra "Um Olhar Digital Sobre O Parque"...Exigente, Angela posava e posava.
Tempos depois, cria a capa, de aparece a cena como se estivesse sob a perspectiva do fotógrafo.Das fotos que escolheu, essa é de autoria própria Regina, que teve formação na Alemanha.Nessa data, passamos a tarde no Parque Municipal (*) , em Belo Horizonte e não sei se, há essas alturas, ela já selecionava suas crônicas para o livro.Aliás, selecionava , não é bem a palavra, já que seletiva pessoal da autora determinou que todas seriam premiadas em certames literários.

A prosa de Angela é atraente e gostosa de ler . Os próprios títulos revelam como a escritora posiciona-se qual sentinela do Status Quo, atenta e mordaz.Em alguns títulos, percebe-se isso:"Plano de demissão In/Voluntária", "A Carga de Um Nome"...Ou seja, ela analisa ,"en passant" ou com profundidade, as tendências hodiernas, da globalização , a costumes sócio comerciais-"O Dia "M" ", ou seja, o Dia das Mães, e suas nuances...

Sabemos que numa cidade grande e capital de Estado , uma escritora flutua chagallmente, pelos meandros da urbe.E vê os que passam.Num de seus poemas, D.Doida-que Iara Abreu ilustrou para a exposição Aspectos Urbanos, um dos exemplos mais vívidos dos seus olhares de repórter do tempo - ela só falta apresentar em carne e osso a personagem poetizada.

Mais não quero dizer, para não roubar o impacto da leitura.

Apenas termino com uma de suas tiradas:

"Desde que a palavra passou a ser franqueada à mulher, a palavra correu atrás" (...)

Obviamente,multidões correm atrás de Angela Togeiro, que a comanda e domina com maestria e ainda as colore ou perfuma, delas faz setas e sinalizações.Faz delas o que bem quer.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horizonte, 29/12/2009

(*) A Galeria do MUNAP pertence a o Museu Nacional da Poesia-MUNAP-e fica dentro do Parque Municipal Américo Renê Gianetti, em Belo Horizonte-MG-Brasil.

Visite o espaço de Angela Togeiro:

http://angelatogeiro.googlepages.com/flagrantesdoviver(crônicas)
Tags: do, flagrantes, togeiro, viver-crônicas-angela

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Flagrantes do Viver , de Crônicas, de Angela togeiro,a premiada autora,no Brasil e no Exterior, reflete o feitio peculiar dessa pessoa talentosa.

Com um trabalho bastante eficiente e verdadeiro pelas Academias ás quais pertence, entre as quais a AFEMIL -da qual é a segunda Vice-Presidente eleita recentemente-e a AMULMIG, na capital mineira, também pertence a outras no estado de Minas e mesmo no Exterior.No prólogo , conta que aio reunir suas crônicas percebeu que o fio condutor das mesmas era sualuta pela PAZ.Não foi à toa que a indiquei para Embaixadora da paz, pelo Cercle Universal de les Ambassadeurs de La Paix ( em Genebra Suiça, com Presidência em Orrange, na França).

Na verdade, ao organizarmos o evento paz e Poesia , em Belo Horizonte e a tivemos agregada com sua prestatividade inerente a cada ação, sua cordifraternidade, pude observar de perto essas suas águas que escorrem darocha e correm mandsas.Não que ela seja passiva e oissa, muito pelo contrário.

Tem o senso crítico que somente os talentosos conseguem ter, mas sem ostentação.
nascida em Vlta Redonda, RJ, radicada em Minas Gerias, pertence , na qualidade de sócia fundadora, à Academia de Letras do Brasil, da cidade primaz de Minas, Mariana.
De elevado sens familiar, repete que a família vem sempre em primeiro lugar-e para seu patrono, na cadeira 12 da ALB, escolheu seu bisavô , Francisco Sodero.O sangue italiano, romântico, afetivo, apaixonado, aparece em seus textos e palavras, o que não a impede de , mineiramente, ter a arte de ser contida-e poucos, talvez apenas os mais íntimos, saibam o que pensa, deseja ou pretende fazer.

No entanto, é mulher de atitude, já a vi destilar palavras/setas e atingir objetivos, sem levantar a voz.Organizada, estabelece as próprias metas e diretrizes, o desejo pessoal, um grande tabuleiro de xadrez, para onde canaliza inteligência e vontade, sensibilidade e senso crítico.

Além dos dotes literários e humanitários, é excelente cozinheira, gosta de gatos e plantas.E eu gosto muito de ler essa pessoa, cujo discurso escrito para apresentar-me na AFEMIL foi bastante convincente, fruto de pesquisa:tudo que ela faz, é ponto sem nó mesmo.E gosto de estar com ela, Claudio Márcio Barbosa, poeta belorizontino, sempre comenta seu senso de humor.E, já se sabe, expressar bem o bom humor não é para qualquer um.

Isso tudo aparece em seus livros:na mente fértil, ferve o cadeirão do imaginário e ela aplica as vivências na ficção, assim como nos oferece essas crônicas recheadas de cotidiano, onde personagens e protagonistas têm modelo-personalidade, face, comportamento.Ao seu olhar, tudo passará pela transform/Ação estilística e literária.

E filosofa com propriedade.Ao falar sobre a roda dos enjeitados-a que chama "roda do abandono- conclui que , na atulaidade, é preciso tirar a família dessa r9oda do abandono.Quando trabalhei no Rio no projeto Saúde, Vida, Alegria (CECIP/Kellog), a Dra Dirce Drac, que fora secetária de darcy Ribeiro, presenteou-me com um livro sobre Direitos da Criança e justamanente foi essa Roda vergonhosaonde as motivações par entrega as crianças geradas tinham motivo mai moralistas que de necessidade fibnancer, muitas vezes- , que me impactou mais, ao ler a história, a evolução da criação de menores em osso País.Aliás, Angela e eu temos muitos pontos de interesse comum-e por isso, quando conversamos a conversar, são longas horas de troca e soma.Mesmo por telefone, do qual nem uma de nós gosta muito.Ainda assim...

Na capa do livro-ela prórpia formata, até chegar ao ponto de enviar a uma editora-nesse caso, a AllPrinte- uma foto:todos nós fotografamos uns aos outros, perto desse pássaro, clicado por Regina Mello, exposto na Galeria da Árvore (*), na mostra "Um Olhar Digital Sobre O Parque"...Exigente, Angela posava e posava.
Tempos depois, cria a capa, de aparece a cena como se estivesse sob a perspectiva do fotógrafo.Das fotos que escolheu, essa é de autoria própria Regina, que teve formação na Alemanha.Nessa data, passamos a tarde no Parque Municipal (*) , em Belo Horizonte e não sei se, há essas alturas, ela já selecionava suas crônicas para o livro.Aliás, selecionava , não é bem a palavra, já que seletiva pessoal da autora determinou que todas seriam premiadas em certames literários.

A prosa de Angela é atraente e gostosa de ler . Os próprios tpitukos revelam como a escritora posiciona-se qual sentinela do Status Quo, atenta e mordaz.Em alguns títulos, percebe-se isso:"Plano de demissão In/Voluntária", "A Caraga de Um Nome"...Ou seja, ela analisa ,"en passant" ou com profundidade, as tendências hodiernas, da globalização , a costumes sócio comerciais-"O Dia "M" ", ou seja, o Dia das Mães, e suas nuances.

Sabemos que numa cidade grande e capital de Estado , uma escritora flutua chagallmente, pelos meandros da urbe.E vê os que passam.Num de seus poemas, D.Doida-que Iara Abreu ilustrou para a exposição Aspectos Urbanos, um dos exemplos mais vívidos dos seus olhares de repórter do tempo - ela só falta apresentar em carne e osso a personage poetizada.

Mais não quero dizer, para não roubar o impacto da leitura.

Apenas termino com uma de suas tiradas:

"Desde que a palavra passou a ser franqueada à mulher, a palavra correu atrás" (...)

Obviamente,multidões correm atrás de Angela Togeiro, que a comanda e domina com maestria e ainda as colore ou perfuma, delas faz setas e sinalizações.Faz delas o que bem quer.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horizonte, 29/12/2009

(*) A Galeria do MUNAP pertence a o Museu Nacional da Poesia-MUNAP-e fica dentro do Parque Municipal Américo Renê Gianetti, em Belo Horizonte-MG-Brasil.

Visite o espaço de Angela Togeiro:

http://angelatogeiro.googlepages.com/flagrantesdoviver(crônicas)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Feliz Ovo OVO





Feliz Ano OVO!

Clevane Pessoa

Ninguém sabe o que a frágil promessa
resistente e ebúrnea do ovo contém , ao certo,
em determinadas circuntâncias.

Se dentro,a gema áurea, a clara gelatinosa,
nutritiva e esperaa,
ou um ovo gorado,
um pintinho pronto ou morto,
uma serpente ou um jacarezinho
ou quem sabe, um dragão?

Assim , o Novo Ano:
promessas e desejos conhecidos,
mas
tanto pode ser podre
ou cheio de surpresas .

Com a massa, mas de forma individual,
desejo-lhes
feliz ANO OVO!


Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Diretora Regional do inBrasci em
Belo Horizonte, MG




--
Clevane Pessoa

O impossível é imprevisível
só até acontecer...
(fragmento de poema de minha autoria)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Em Algum lugar do Passado-Numa Ciranda




Há muito tempo sem "cirandar" com outros autores- pois tenho restrições às enormes, sem limitação de numero de participantes, apenas porque depois, um número excessivo, dificultas leitura , a bsca elo nsso,e envio a outros ,etc- o que não diminui o valor da produção a um tempo individual e coletiva, mas sempre fico agradavelemente surpresa com a dimensao interpretativa de um mesmo tema, por tants cabeças poéticas - não resisti ao título que foi o tema mandado...Rss...

Gosto do livro e do filme ("Em Algum Lugr do passado"-imagem acima ), então produzi esse fruto:


"Em algum lugar do passado"


Clevane Pessoa

O passado tem lugares ocultos, belas clareiras
que ficam no meio dos bosques
depois dos atalhos ou das estradas,
onde o sol da lembrança se fitra entre as folhas das árvores
e as fadas translúcidas dançam ao som de inaudivel música
aos ouvidos estranhos, aos olhares indevidos.

É lugar por excelência , onde dormem os segredos,
onde os desejos foram muitas vezes sufocados,
mas noutras abriram-se quais flores noturnas ao beijo
dos luares - só nós ainda sentimos o aroma das primícias....

Em algum lugar do passado, perdi um brinco de pérola
e de vez em quando, meu pensamento voeja para procurá-lo
entre a verde grama aquilo que jamais pode acontecer...


Clevane Pessoa de Araújo Lopes
--

***
Clevane Pessoa :

O impossível é imprevisível
só até acontecer...
(fragmento de poema de minha autoria)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ensaio de Helenice Rocha Reis -Clevane,Uma Flor Lírica nas Montanhas



Entrevicto Helenice, clicadas por Marco LLobu, poeta, fotógrafo e presidente da Rede Cultural Catitu, de belo Horizonte..



Helenice, em cua casa, enrevistada por Llobus e clicada por mim


A mestra em Letras Helenice Reis(*), uma das selecionadas para fazerem parte do livro-album POIETISAS,comete uma delicadeza em seu interesse de analisar meu estilo,a partir de poemas meus publicados no volume I da antologia "Poetas del Mundo em Poesias": escreve e envia-me um ensaio onde pretende analisar meu lirismo.Estes poemas,todavia, são bem antigos e não refletem minha verve atual.No entanto, enquanto psicpologa, pareceu-me interessante ler essa incursão pelo meu inconconsciente ali projetado e as analogia feitas pel auto.Agradeço a Helenice, ela própria poeta , artista plástica e também musicista, tanto interesse or minha pessoa.Neste ano que finda, para minha agravável surpresa, também recebi dela uma composição musical a que denomina "Clevaneios", título por certo calcado em Devaneios.

O poema "Perplexidades" saiu no cito livro, com o título do segundo , escrito em espanhol, (A Menudo), como se fosse seu último verso, que , na verdade é apenas a pergunta "para Que Guerrear"-por isso retirei-o ("A Menudo", deste, o primeiro versos "La Semilllas del Sueño", tem "Las Semillas qual um título)


Ensaio de Helenice Rocha Reis (*)
Clevane,Uma Flor Lírica nas Montanhas

"Pensando na obra de arte,e muito em especial na poesia como uma forma de existir não apropriável pelas lógicas de mundo capitalista em face da sua impossível reprodutibilidade,debruço-me aqui sobre a lírica de uma jovem poetisa atuante em Belo Horizonte,Clevane Pessoa,no sentido de pensar esta difícil relação entre poesia,história e cultura.Pensemos na Lírica como algo da poesia que subsiste como indefinível perfume que não poderíamos sentir nas farmácias,nas lojas,ou mesmo nas ruas.Vamos supor aquela parcela residual da linguagem que aponta para o resgate dos sentidos que cada um esconde segundo os desígnios do próprio desejo e mesmo assim,conducente da universalidade que o gozo e a dor de ser humano hodiernamente traz.
A lírica feminina que,mesmo com a intangível delicadeza da Lírica de todos os tempos,traduz os dilemas da humanidade neste milênio,pela dicção de uma mulher.Subvertendo espaços de dicção e dramas existenciais antes possíveis apenas para lugares pré-determinados de enunciação:lírica masculina,discursividade de gênero feminino,guetos culturais....a lírica contemporânea é um universo de diversidade acoplada em um sujeito fragmentado em vários outros.Sujeito este multifacetado por várias alteridades,transitando entre ser único como linguagem irredutível,auto-referencial no sentido mesmo do formalismo e estilhaçado como sujeito de múltiplas enunciações.Assim entro na Lírica de Clevane,jovem poetisa atuando em Belo Horizonte há alguns anos.Cônsul de Poetas del mundo,Ativista da Paz,Psicóloga,Poetisa,Mulher,Mãe:

A Ponte (*****)


Ponte espelhada
reflexos
O Outro e o Eu
Transvergentes
Transmutantes
Transmudados
Plena Travessia
Transversia
Transversia
Ver Só Poesia
Verso/poesia
Dois côncavos
duas curvas
cada pedaço
ao outro pedaço
Um só cor/ação
em uníssono

A cor
a ponte
a travessia
o Outro
o Eu
o espelho
de duas faces

(Clevane Pessoa )

Pensemos nesta poesia ponte como a operação dialética que coloca em crise a dimensão narcísica da ética hegemônica.Pensemos num sujeito em crise,em ambígua suspensão de certezas,instável.No momento da travessia incorpora à sua condição de sujeito,um outro,vários outros também sujeitos.Fala como mulher sendo homem,como criança sendo adulto,como indígena sendo branco europeu .Panteísmo pós moderno de múltiplas faces,de múltiplas enunciações do gozo e da dor,do sublime e do grotesco,da ordem e do caos...Entendo que a Lírica contemporânea traduz este cisma que rompe com o abismo entre o sujeito e o outro sujeito quebrantando este maniqueismo da dialética binária que conhecemos até hoje.Vejamos Bhabha:"... as duas formas de identificação associadas com o imaginário- o narcisismo e a agressividade são precisamente essas duas formas de identificação que constituem a estratégia dominante do poder colonial exercida em relação ao estereótipo que,como uma forma de crença múltipla e contraditória,reconhece a diferença e simultaneamente recusa ou mascara como a fase do espelho,a completude"do estereótipo-sua imagem enquanto identidade-está sempre ameaçada pela"falta"(Bhabha,data,pág:112)

Se a diáspora pós colonial colocou em crise uma lírica que espelhava o tradicional de um discurso religioso(santinhas martirizadas em Cecília Meireles,a palidez da morte em Henriqueta Lisboa,em lugar do desejo) em Clevane,como em algumas poetisas líricas deste século vemos o agasalhamento do orgiástico,desta outridade que vem como grito de vida .Aqui não há o mascaramento ou a recusa deste outro,seja através do rito sacrificial da morte heróica(santinhas cristãs) ou simbólica-o índio cavalhereisco de José de Alencar.

Vejamos mais:

Perplexidades

O poeta partiu o pomo da Paz
e sentiu o gosto de sangue
ao provar a polpa
Porque precisam
de sangrentas guerras
conflitos e contendas
para pacificar o mundo?
Porque a geração do futuro
É mandada a combate

Ou se o jovem voltar inteiro
tem a mente fragmentada?
Para que guerrear?

"A menudo"(título do poema que vem a seguir, na coletânea de referência).
(Clevane Pessoa)

Aqui a fragmentação como recusa,mascaramento do outro,anulado como existência e presentificado como sangue,reafirma a modernidade desta lírica inscrevendo a alteridade como possibilidade orgiástica,eros,em confrontação com thanatos,poder perene de força civilizatória,permanência.Como psicóloga que é, supera a vocação intelectual para a sublimação trágica e plana docemente no convite de Marcuse:Eros e Civilização ,sempre.Pensemos em Benjamin.
"Os gregos foram obrigados,pelo estágio de sua técnica,a produzir valores eternos"
(Benjamin,data,pág:175)
Vejamos o acerto possível desta ironia.Não podemos,a não ser por um conceito de eternidade,alcançar a consecução de permanência em termos de arte,se não tivermos a possibilidade hodierna de reproduzir tecnicamente uma obra.Mas um conceito de eternidade pressupõe a perpetuação do mesmo.Eternos a que preço ó Deus? Se a instabilidade em que nos situa o conflito coloca nossas identidades em trânsito,em agônica percepção desta falta que nos faz entrever a plenitude como devir,onde se inscreve uma possível lírica nos dias de hoje?Talvez neste espaço heróico de denegação do crime contra a vida em nome da vida.Na afirmação categórica deste Eros que era negado às nossas avós para toda a transcendência lírica de uma Cecília,ou para os afetos delicados de Safo,isolada do mundo dentro de uma escola.
Vejamos mais:
CRETA(******)


Decifro-te
mensagem secreta
e invisível em minha pele
escrita com ácido limão
Ardente o sol cáustico
do preconceito
conheço-te os signos
e signais
codificados.
Alpha e Aleph,
dragão com asas de cristais
e flor de fogo
Decifro-me
depois de tecer-te
no tear das fadas
depois de devorar-te,
arte dos deuses

Decifro-te após devorar-me
tecer-me
abastecer-me
com novelos de Ariadne
e noe encontrarmos no labirinto
para vencer o Minotauro

Doce vertigem para além da "teia iluminadora da razão",como diria Ruth Silviano Brandão ,a respeito da clareza pré socrática de Heráclito,invertor de logus,invenção de homens.Aqui o que é menos claro é este sol cáustico e instrumento de sombra,conceito pré-estabelecido Aqui,o segredo é desvendaddo como subversão,como denúncia de estigma desvendado no altar dos Deuses no momento mesmo da devoração.Desmascaramento do poder devastador,ácido,que a secreta mensagem do discurso oficial traz.Vencer o Minotauro atravessando os enigmas que os labirintos de um poder iniciático representam quando este poder se enuncia de um discurso hegemônico Creta revisitada . Bem,esta possibilidade lírica que traduz a trágica fragmentação do sujeito hodierno neste sério convite ao apelo de Eros como história,estóica superação da dor diante da trágica realidade das doenças contemporâneas,do 11 de Setembro,se me afigura uma imponderável,indizível possibilidade de lírica moderna,compreendida como imersão no abismo de possibilidades que o heroísmo traz diante da ancestral repetição de um mesmo modelo de história que renova o arcaico de formas múltiplas.Vamos supor que o poeta contemporâneo seja como o etnógrafo que se perde em busca deste outro que o assedia a tal ponto de não perceber que não alcançou visibilidade.E que a delicadeza poética desta viagem se perca por uma questão de linguagem . Vejamos Strauss:

" O riso trágico que espreita sempre o etnógrafo,lançado neste empreendimento de identificação,é o de ser vítima de um mal-entendido;quer dizer qua a apreensão subjetiva que ela alcançou não apresenta nenhum ponto comum com a do indigena,a não ser a sua própria subjetividade(Strauss,data,pág:168)
Este lugar do outro,espaço de auteridade circunscrito apenas ao sujeito que o ocupa,invadido por uma possibilidade de linguagem que faz da poesia a sua hipótese,arrisca-se a se inscrever nesta modernidade como risco trágico e comovente de uma possibilidade duradoura,perene."

(...)

><><><><><><



(*) Helenice Maria ´Reis Rocha, conforme conta, na mesma antologia que cito, estudou música dos sete aos vinte e oito anos e teve como Mestres, além do pai Aluisio Rocha, que tocava Harmônica de Boca (gaita) e fez sua iniciação e provocação musical contínua , também músico, Nelson Piló e Walter Alves- o primeiro , assistente de Villa Lobos e Radamés Gnatalli.

Na UFMG, onde graduou-se em Letras, apresentou como a dissertação de Mestrado , " Sinais de Oralidade:a trasnfiguração da Voz em Cobra Norato"(**).Em Congressos, apresentou vários trabalhos, inclusive "Os Arquétipos femininos na Poesia de Ana Miranda".

Recentemente, integrou a antologia "Nós da poesia", que foi lançada na XIC Bienal do livro(Rio de Janeiro), pela Editora All Printe, selo IMEL (***) .


(***)Instituto Brasileito de Culturas Internacionais-Organização de Brenda Mars(****).

De Helenice


(**) Conhecido livro de Raul Bopp.


(****)Brenda Mars:Brenda Marques Pena , jornalista , autora de Poesia Sonora.

(*****)A Ponte não faz parte da coletânea cita acima.O poeta Marco Llobus fez com ele um poster, que distribuí a amigos.

(******)Creta,meu poema que saiu em outras antologias, inclusive em uma da ALBA e está em diversos sites e blogs.

Um dos poemas de Helenice Reis Rocha:


ANJO,MEU LINDO ANJO

Helenice Rocha

miguel,meu anjo lindo

me ensina a tua peleja

aqui atrás destes montes,já se foram os pastores

já não fazem romaria,os pastores desta aldeia

seu coração é abrigo de todas estas marias

se as antigas sesmarias temem a sua espada

eu quero só o consolo de pelejar junto a ti

multiplicando as sementes que jogas nestes jardins

não sei onde estão os pastores,já não fazem romaria

conheço apenas as mágoas que tornam meu canto tão só


conheço apenas as dores que alimentam minha voz

vem aqui,meu anjo lindo.toma café comigo

se te serve de consolo,lembrarei sempre de ti

quando os pastos destes ermos me fizerem avó

lembrarei sempre de ti

a ensinar as meninas a trabalhar a poeira

a tirar a do barro o cantil

para guardar esta água que me batiza o silêncio

quando não falas comigo

se permitires morro jovem empunhando junto de ti

as armas da tua peleja

quando ainda jovem em flor

salvastes tantas vidas

só por causa deste amor de anjo

esta mariazinha entendeu o que é amor

Mais em :http://poietisa.blogspot.com/2008/06/helenice-reis-rocha-sobre-seu-anjo.html



icadas por Marco LLobu, poeta, fotógrafo e presidente da rede catitu.