quarta-feira, 7 de abril de 2010

Paula Cavalcanti Monteiro da Silva-Monteiro Viana-Lírico-Moderno

Amigos:

"Monteiro Viana-Lírico/Moderno"

Encontrei , em PDF, pelo Google, uma dissertação de Mestrado em Letras , escrita por Paula Cavalcanti Monteiro da Silva, pelo CES de Juiz de Fora(Centro de Ensino Superior, onde eu própria cursei psicologia até ao oitavo período-tendo concluído o curso em Belo Horizonte,pela FUMEC) .
Eu ainda tinha aposto ao meu nome, o sobrenome Rocha, de meu primeiro casamento , com o jornalista e poeta Messias da Rocha,pai de meu primeiro filho.
Ela cita um trecho de crônica ou artigo que escrevi sobre meu querido amigo José Monteiro de Magalhães Viana, português radicado em Juiz de Fora-e que antes de falecer, levara à minha casa,os papéis de proposta ao Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora, ao qual ele pertencia.Ele era poeta e artista plástico . Fora visitar meu primogênito, eu ainda de resguardo.,
Quando o visitei do Instituto Oncológico, chocada porque ele levava uma vida saudáve,d e vegetariano e onde ele me doou um quadro do qual eu gostava muito,de sua spérie lUar, que jamais fui buscar em sua casa, emora, por telefone, a filha confirmasse que ele,no leito,pedira que o dessem a mim.Eu era muito tímida.
isso tudo aconteceu dos anos 60 aos 70, quando eu trabalhava na Gazeta Comercial.
Era comum àépoca,que pensassem ser "Clevane", um nome masculino -pelo que papai muito protestava, alegando que terminava em "Ane", muito fminino,mas talvez se pensasse em Giovane, por exemplo-.A autora da dissertação, Paula, diz textualmente: "Clevane Pessoa de Araújo Rocha, amigo de Monteiro Viana, publicou em 1968,na Gazeta Comercial , as seguintes palavras:

Diariamente ele vai à sede do NUME onde é acatado carinhosamente.As rugas do rosto e a farta cabeleira branca atestam uma vivência intensiva, rela, autêntica.José monteiro de Magalhães Viana nasceu em Vila Meã, em Portugal, a 9 de março de 1896, filhode Alfredo da Silva Vianna e AgostinhaQueiroz Viana, com apenas dezesseis anos, veio para o Brasil .Aposentado pelo INPS, é pintor, prosador, poeta, trovador e historiador.Tudo isso com encantadora simplicidade e uma vívida simpatia. Não tem livros publicados, mas seus inúmeros trabalhos, especialmente em Juiz de Fora, têm sido publicados esparsamente.Em Belas Artes, já obteve Menção Honrosa e Medalhas de Bronze.Seis quadros, excelentes, são poemas em tintas.Pertence, além do NUME, ao Instituto Histórico e geográfico de Juiz de Fora, e à Sociedade de Belas Artes Antonio Parreiras.De Monteiro Viana, esses magníficos conceitos:”A arte é a beleza da Vida” e “Ser poeta é sintetizar a vida pelo que ela tem de melhor”.Nota-se o otimismo desse jovem de setenta e dois anos.A beleza o chama e ele sabe interpretá-la.É um potencial de coisas belas...Perguntei-lhe o que era a vida.Com um sorriso, ele ponderou:”Para entender a vida, devemos primeiramente, transcender”.
A vida é seu tema eterno.Há vida em seus olhos,nas mãos que pintam e que escrevem,
Suas palavras todas.Assim é Monteiro Viana, de quem beijamos, comovidos, as mãos.(Rocha, 1968b, sem paginação)

O trabalho de Paula teve como princípio analisar o autor portuguê quando ele morou em Juiz de Fora, além de analisar as traduções que ele fz de românticos ingleses do Século XIX, Percy Bysshe Shelley e john Keats. Eu possuía essas traduções,na letra dele, em letra de forma, a caneta.Numa nechente na Ilha de S.Luiz, capital do Maranhão, perdi-as exceto uma de Shelley e um poema dele próprio, comparando o Universo a um trem que Deus põem nos trilhos,mas que sempre descarrilha para o outro lado.

Com ele, fiz parte de um concurso de trovas, da UBT, que eu presidia, o Concurso de trovas Ludgero Nogueira, intrnacional.Emnehum momento,aquele sábio e experiente trovador esnobou a jovem que eu era, pelo contrário, trocava opinião comigo, respeitosamente...

A dissertadora cita ainda minhas palavras,quando anunciei no jornal,que ele , no festival de Poesia de Pirapora, tivera poema classificado.Sobre esse concorrido festival, à época, fiz um poema concreto, chamado “Enchente de Gente”

Tenho ainda duas fotos dele, uma numa abertura de salão da SBAAP(Sociedade de Belas Artes Antonio Parreiras –onde ele tmbém fez parte, na Diretoria e eu estudei com Clério de Souza, o Presidente, que assinava as telas como Pimpinela e me ensinou a amar a sombra e a luz) e outra em minha posse no Núcleo Mineiro de Escritores,NUME.Vou escaneá-las para postar e assim manter viva sua memória.Em meu e-book, comento o quanto o amávamos, um Mestre.Apresentou-me aos livros de Khrisnamurti, lia-me seus versos, mostrava-me seus poemas e traduções.A esposa, pequena e linda como ele, nos recebia sorridente e nos oferecia um rico café, em sua casa cheia de arte e belezuras:os cabelos grisalhos bem penteados, tioda arrumadinha, esperava o marido poeta e seus amigos jovens.

Ler a dissertação de Paula Cavalcanti Monteiro da Silva, fez-me recordar que ela se chamava D.Magdalena e me perguntao se a dissertanda, pelo segundo sobenome,não seria parente do artista e poeta.Logo, leio mais e vejo que era seu bisavô.Ele haveria de curtir muito o convívio com os netos,pois amava a juventude,Eu, sempre me senti um pouco sua pupila.Embora a tela que me doou em seu leito de morte não tenha chegado a mim , ainda a vejo,uma lua enorme-e ele sabedor de meu signo luar, a ofereceu, sempre generoso, já nos últimos dias de vida.Fazia parte de uma série.E assim como não mais tenho meu idoso/jovem amigo,mas basta-me fechar os olhos para vê-lo na a memória, também possuo esse quadro na alma e o relembro.Um presente simbólico e eternal.

Quando fui homenageá-lo no Instituto Histórico e Geográfico, aconteceu algo especialíssimo: eu o vi, ali presente, em suas calças de veludo cotelê e ao pronunciar os versos de suas trovas, minha voz saiu com sotaque português.Minha amiga e dele, Vilcar (a pintora Elzira Vilela Carneiro), cumprimentou-me depois pela “imitação” que eu fizera de seu sotaque luso.Mas, conscientemente, não foi o que aconteceu.Tive a impressão de que ele falava através de minha voz!

Uma de suas trovas, repetida muitas vezes, por José Carlos de Lery Guimarães, na Rádio Industrialde Juiz de Fora, em seu programa Contraponto-num concurso de ilustração, cem trova de autores da cidade-que não chegou a ser publicada,mas que ilustrei, uma a uma, a bico de pensa, mandando meu mano Luiz Máximo ir receber por mim, ro prêmio em livros,no Vice Consulado de Portugal, porque eu era muito tímida:

Mas com que graça esta Graça
Requebrando , pisa o chão
-sem saber que quando passa
Pisoteia-me o coração...

Postumanente, teve rua com seu nome, recebeu a Medalha camões, concedida pelo Vice Consulado de Portugal , onde estudei Literatura Portuguesa com Cleonice Rainho , li tantos livros de autores lusos enviados pela Fundação Calouste Goubenkian-e cujo Vice Cônsul-o saudoso Manoel Martins de Oliveira Costa, era também poeta-trovador.

Bem , a Internet traz dessas agradáveis surpresas.Hoje,passei a tarde lendo o trabalho,que tantas memórias de minha juventude em Juiz de Fora , trouxe-me.Cumprimento se agradecimentos à autora e que no seu sangue,a POIESIS de seu bisavô sempre possa nadar , em forma de peixes mágicos ,ao luar de sua genética.benditos os descendentes que não ignoram e rememorizam seus ancestrais!


Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horuioznte, 07/04/2010

domingo, 4 de abril de 2010

Aniversário da Lagoa do Nado- 2009-Mostra coletiva do Sindicato dos Artistas em Belo Horizonte-MG



Clevane Pessoa, segurando um exemplar de Erotíssima e Andréia Donadon, que expunha telas na coletiva do Sindicato dos Artistas Plásticos, em beloHorioznte,MG segura "O melhor da Bienal"(RIO/2009),antologia da Oficina Editores(Rio de Janeiro) .
Crédito da foto:J.B.Donadon




Os poetas da LB/Marian, AMULMIGe membros do InBRasCi /MG-J.B.Donadon, Angela Togeiro,Andreia Donaon e J.S.Ferreira, no vernissage do Sindicato dos Artistas Plásticas (Rua Padre Eustpaquio, Belo Horizonte-G-Brasil) , para onde fomos após os festejos na Lagoa do Nado.Andreia Donadon é a Presidente do InBrasCi e da ALB/Mariana
edito da foto:
Clevane Pessoa



Um patinho passeia entre nosotros...(foto de Clevane Pessoa)




Ricardo Evangelista,coordenador dos saraus de Poesia da lagoa do nao, feliz, recebe os convidados(foto:Clevane Pessoa).


Iara Abreu lê o álbum comemorativo, muito bem ilustrado e elucidativo da Histórias do CCLN (foto:Clevane Pessoa)




Aves passeiam entre convidados.

Nesta data, celebrou-se convênio do Centro Cultural Lagoa do Nado, com o Museu Abílio Barreto.

Poetas em S.Paulo -All Printe-e no Sindicato dos Artistas Plásticos em Belo Horizonte



Em nossa viagem a S.paulo, para o lançamento da antologia Nós da Poesia, O poeta paulita Dimythryus aparece com a artista e poeta visual Iara Abreu, na All Printe

Depois, Clevane ao lado de Janis Joplin estampada em camiseta, na Feira da Praça da República.A efuir o poeta Claudio Márcio também posa ao lado da foto de Janis.

Jo, aqui no Pátio do Colégio Anchieta.

A capa da antologia Nós da Poesia.

A contracapa, com a foto de todos os poetas

Na última foto, já em Belo Horizonte, estou com Andréia Donadon, que apreentava tela na coletiva do Sindicato dos Artistas Plásticos de Belo Horizonte...Tenho nas mãos o meu Erotpissima e ela a ntoloia "O melhor da Bienal", da Oficina Editora, onde está o meupoema O Chão de Nossa Terra, classificado em primeiro lugar no festival de inverno de Ouro Preto/Mariana, de 2009.


Fonte:http://slideshow.clickgratis.com.br/my_gallery_skip.php?id=928b4688f0a66a03f6a79e04968ee541

Lançamento de Erotíssima na Lagoa do Nado-slideshow




http://slideshow.clickgratis.com.br/my_gallery_skip.php?id=9eb8f7c1f1dd700817e9e3c725b4971c

Fotos do lançamento de Erotíssima, na Lagoa do Nado-Outubr 2009-Belo Horizonte, MG-Brasil-=
Sararu Poético Coordenado por Ricardo Evangelista.Também presente o criador da capa e editor do livro, pela Rede Catitu , Marco Llobus, seu presidente,poeta e fotógrafo, artista e ativista cultural

Presentes os poetas e artistas :
Ricardo Evangelista, Sueli Silva, Luna de Mattos, Luiz Lyrio, Dioli(Grupo Barkaça) , Karol e Bilá Bernardes (Grupo Gato Pingado), Marco Llobus, Neuza Ladeira, Daniel, Juélio, Maria Moreira (Conceição), professora e alunas e uma turma muito animada de amigos mais.

Sou sempre muito bem recebida na Lagoa do Nado.Em 2007. Fiz lá meu sarau A Poesia Pede Passagem, depois apresentei-me no de Neuza Ladeira, com a poeta , a seguir, com Brenda Mar, representamos Regina Mello, no dela,em 2008, recebemos o InBrasCi, pela Direção regional e os aldravistas de Mariana, fiz esse lançamento na biblioteca em utubro de 2009 e depois, neste março, com Ricardo Evangelsta, fizemos uma oficina de trovas com crianças.


Em maio/12010, minha mostra de poemas e desenhos Graal Feminino Plural, em banneres, estará exposta nesse lugar maravilhoso.

Clevane Pessoa
Diretora regional do InBrasCi
Vice Presidente do IMEL
Acad~emica da AFEMIl e da ALB
Membro da SPVA/RN
membro do virArte

Lançamento de Erotíssima -de Clevane Pessoa -na Lagoa do Nado

http://slideshow.clickgratis.com.br/my_gallery_skip.php?id=9eb8f7c1f1dd700817e9e3c725b4971c

Fotos do lançamento de Erotíssima, na Lagoa do Nado-Outubr 2009-Belo Horizonte, MG-Brasil-=
Sararu Poético Coordenado por Ricardo Evangelista.Também presente o criador da capa e editor do livro, pela Rede Catitu , Marco Llobus, seu presidente,poeta e fotógrafo, artista e ativista cultural

Presentes os poetas e artistas :
Ricardo Evangelista, Sueli Silva, Luna de Mattos, Luiz Lyrio, Dioli(Grupo Barkaça) , Karol e Bilá Bernardes (Grupo Gato Pingado), Marco Llobus, Neuza Ladeira, Daniel, Juélio, Maria Moreira (Conceição), professora e alunas e uma turma muito animada de amigos mais.

Sou sempre muito bem recebida na Lagoa do Nado.Em 2007. Fiz lá meu sarau A Poesia Pede Passagem, depois apresentei-me no de Neuza Ladeira, com a poeta , a seguir, com Brenda Mar, representamos Regina Mello, no dela,em 2008, recebemos o InBrasCi, pela Direção regional e os aldravistas de Mariana, fiz esse lançamento na biblioteca em utubro de 2009 e depois, neste março, com Ricardo Evangelsta, fizemos uma oficina de trovas com crianças.


Em maio/12010, minha mostra de poemas e desenhos Graal Feminino Plural, em banneres, estará exposta nesse lugar maravilhoso.

Clevane Pessoa
Diretora regional do InBrasCi
Vice Presidente do IMEL
Acad~emica da AFEMIl e da ALB
Membro da SPVA/RN
membro do virArte

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Fernando Pessoa, outras Pessoas e uma pessoa



Estátua de Pessoa,em Lisboa-Portugal



EStátua:Fernando pessoa


Fonte: "Fernando Pessoa na Intimidade",livro da autoria de Isabel Murteira França.
Publicações Dom Quixote, Lisboa 1987


Clevane Pessoa de Araújo Lopes

CLEVANE DE ASAS HOMENAGEIA

O GRANDE POETA FERNANDO PESSOA

(publicado anteriormente in http://br.geocities.com/clevanedeasas/fernandopessoa.htm
web-arte dePaola Caumo.Este site foi encomendado a ela e noutro dia, descobri pelo Google, que o GEOCITIES acabou-retiraram do ar.Será que avisam ao dono do espaço para recolher o material postado? Felizment, tenho todos os textos, mas a formatação, diagramação e arte usada por paoa, não deveria ter ido para o spaço!E, final, foi um trabalho pago.É a segunda vez que acontece isso, porque uma webmaster recebe a encomenda, pagaos o preço pedido faz, investimo tempo e valores-e depois,os sites são retirados do ar!)


Imagem: auto-retrato de Fernando Pessoa
(de domínio público,segundo consta).

Trovas do Grande Fernando pessoa,em seu aniversário(13 de junho!)

Quando eu digo tantas palavras em favor das trovas, às quais chamo,desde os Anos sessenta,
de "Pequenas Notáveis", sei bem, como trovadora,do que falo!
Há esnobes intelectuais que torcem o nariz para ela,apenas por ser quadra,
de rimas cruzadas-cujo mérito é mesmo ser fácil de gravar...

O heterônomo Fernando Pessoa,não as desprezou
e aqui lhes trago a prova,suas quadras,bem ao gosto popular:

Cantigas de portugueses
São como barcos no mar -
Vão de uma alma para outra
Com riscos de naufragar.

A terra é sem vida, e nada
Vive mais que o coração
E envolve-te a terra fria
E a minha saudade não!

O moinho de café
Mói grãos e faz deles pó.
O pó que a minh'alma é
Moeu quem me deixa só.

Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi,
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei.

Teu vestido porque é teu,
Não é de cetim nem chita.
É de sermos tu e eu
E de tu seres bonita.

Vem cá dizer-me que sim.
Ou vem dizer-me que não.
Porque sempre vens assim
P'ra ao pé do meu coração.

Tenho um segredo a dizer-te
Que não te posso dizer.
E com isso já te o disse
Estavas farta de o saber...

Dona Rosa, Dona Rosa,
De que roseira é que vem,
Que não tem senão espinhos
Para quem só lhe quer bem?

Dona Rosa, Dona Rosa,
Quando eras inda botão
Disseram-te alguma cousa
De flor não ter coração?

Trazes uma cruz no peito.
Não sei se é por devoção.
Antes tivesses o jeito
De ter lá um coração.

Fernando Pessoa

E lembro que amanhã 13 de junho é a data de seu nascimento.
A partir de hoje, começo a homenageá-lo, o patrono deste site, simples,
com a finalidade de divulgar a beleza, apenas...
Clevane

-Para "Trovas,pequenas Notáveis",em breve,volume II(e-book e papel)

Notas para uma Carta de Pessoa para Mário Beirão,amigo(1913).

Uns terão um lar, quem sabe, amor

Para homenagear Fernando,uma trova;

Quanto me sinto pequena,
por levar tal sobrenome!
Eu,\"pessoa\" voz amena,
Ele grande,com renome...

Clevane pessoa, em 12/06/06,
véspera da data natalícia de Fernando Pessoa...

Outros terão um lar,quem saiba,amor

Outros terão
Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
A inteira, negra e fria solidão
Está comigo.

A outros talvez
Há alguma coisa quente, igual, afim
No mundo real. Não chega nunca a vez
Para mim.

\"Que importa?\"
Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
Nem um casual mendigo à minha porta
Sentar-se veio.

\"Quem tem de ser?\"
Não sofre menos quem o reconhece.
Sofre quem finge desprezar sofrer
Pois não esquece.

Isto até quando?
Só tenho por consolação
Que os olhos se me vão acostumando
À escuridão.

(Fernando Pessoa, 13-1-1920).



Sossega, coração! Não desesperes!


Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Fernando Pessoa, 2-8-1933.



"Navegar é preciso,viver não é preciso"

Embora muito se atribua a frase "Navegar é preciso" a Pessoa, ela é de autoria de um romano (ler nota abaixo).Todavia,o poeta fez como aconselha Voltaire ("Pela apreciação,tornamos a excelência de outro, propriedade nossa"), tomando para título dos versos enfeixados na poesia que se segue,onde sua alma grandiosa se derrama e nos aquece.
Clevane pessoa


Clevane, em outubro 03, 2005

Navegar é preciso...


Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Navegar é preciso

Quero para mim o espírito desta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser
o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha
de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica
do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria
e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo
da nossa Raça.

Fernando Pessoa



Nota: "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, fala do general romano Pompeu,(106-48 aC), pronunciada quando seus marinheiros não queriam viajar,em guerra,segundo narra Plutarco, na "Vida de Pompeu"



"O Poeta é um fingidor" e "Todas as Cartas de Amor são ridículas"

Foto de Fernando Pessoa (*),pequenino,aquele que se desdobraria em várias personas várius animus e numa grande alma Alberto Caieiro,Ricardo Reis,Álvaro de Campos.Chamado o poeta dos heterônimos,Pessoa atribuía a cada um deles,uma vida separada da sua.Atribuiu,em carta a Adolfo casais Monteiro,seus heterônomos à Histeria-segundo ele,nas mulheres,os sintomas são diferentes,nofenômeno histérico:ataques e coisas similares.Por viver na sua solidão,ele se desdobra e afirma que Álvaro de Campos é o mais histéricode todas as suas personas.Não sendo mulher,sua histeria se acaba,para ele,em poesia e no silêncio.

Clevane pessoa Lopes



A Poesia do poema abaixo contém um de seus mais conhecidos versos
("o poeta é um fingidor"):


Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

01.04..1931

A poesia foi publicada no número 36, de "Presença" (Novembro/1932)


Dessa personagem, então, Álvaro de campos, a mais conhecida,talvez,das poesias;


Todas as cartas de amor são ridículas


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos,escrita em 21/10/1935



Notas para uma Carta de Pessoa para Mário Beirão,amigo(1913).

Fico imaginando,no século XX ,a extrema angústia porque passava o poeta,com seus desdobramentos de personalidade- segundo ele,a causa-a que denominou "histérica",mesmo não tendo um útero-de seus heteronômios.
Nessa missiva,Fernando Pessoa descreve seu desdobramento.Hoje,o desdobramento é uma Ciência,comprovada cientificamente.Os tempos nos levam a estudar melhor vários fenômenos,que outrora eram contabilizados como crendices ou sandices.
Uma das importantes diretrizes deste século,por exemplo,é o estudo da projeciologia.

No Brasil,estudos de Waldo Vieira e outros,comprovam inúmeros momento sem que saimos do corpo físico,o que se convencionou denominar de projeção. O IIPC(Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia),promove cursos e estudos profundos.Certa feita,uma de amigas,médica, veio a Belo Horizonte ,fazer palestras no tema e minha querida Ir Josephina,à época octogenária,foi assistire voltou encantada coma nova Ciência-apesar de freira e "antiga",mas de cabecinha muito atualizada.Ela,a primeira pessoa que publicou uma crônica de minha autoria,Mestra de psicologia e Portugues, a quem amo com gratidão...
Muitos entram no "não li(não vi,não conheci,etc)e não gostei,uma das mais renomadas tolices que já se disse."provai de tudo e ficai com o que é bom",aconselhou S.Paulo.E na caballa,sabemos que teremos de prestar contas por tudo que NÃO fizemos ou NÃO conhecemos...

Ferrnando Pessoa,ao se desdobrar em outros autores,todos com histórias definidas,lançou nesses protagonistas,suas ansiedades,frustrações e desejos.Sim,poderiam ser apenas produtos de seu imaginário,da criativa mente de alguém com hipersensibilidade,o que gera sempre,superdefesas. Mas o interessante é verificar que a Poesia foi sua válvula de escape,e para ela canalizou os protagonismos de seus heteronônios.
Quanta força hercúlea,na aparente fragilidade do superego!Imagino como deve ter se sentido,no epicentro desse vórtice,em torno do qual gravitavam suas outras personalidades.
Como psicóloga,sinto atração plenilúnea por essas pessoas que não parecem caber dentro de sua própria história e ,por mecanismo de defesa do ego,se multifacetam,pensando que se multiplicam...
Pessoas de crença espírita,obviamente,interpretam os desdobramentos como lembrares de vidas passadas.
Na década de 70,quando eu fazia crítica literária(*)a Imago Editora especializada em ficção & psicologia enviou-me um interessante livro, de Clesio Quesado:"O Constelado Fernando Pessoa"
Realmente,com tanto brilho,podemos imaginá-lo,sendo,sozinho,uma constelação de poetas...

Clevane pessoa de Araújo Lopes

Belohorizonte,12/06/06

(*)Na Gazeta Comercial de Juiz de Fora e no tablóide de vanguarda Urgente.

Obs:à força das muitas mudanças ou dos amigos do alheio, perdi esse livro-quem sabe encontro outro exemplar no famoso sebo "Livraria Alfarrábio",daqui de Belo Horizonte(r.Tamoios 320 sl 01)?Saí de lá,noutro dia, com "Une femme"(Editora "Presses de la Renaissance"),a história de Camille Claudel,escrita por Anne Delbée-e mais um dicionário de Francês,editado no Porto,em Portugal,para o caso de nãolembrar lá muito bem de algum termo dessa Língua bem amada.
Desde a adolescência,fascinava-me a história dessa escultora,que foi amante de Rodin e era irmã do poeta Paul Claudel.Para ela,fiz muitas poesias.Qualquer dia,postarei aqui...
Mas daqui a pouco,será aniversário de Fernando Pessoa...Voltemos a ele...

Eis um pouco dessa missiva para seu amigo Mário Beirão:



"Estou actualmente atravessando uma daquelas crises a que, quando se dão na agricultura, se costuma chamar "crise de abundância".

Tenho a alma num estado de rapidez ideativa tão intenso que preciso fazer da minha atenção um caderno de apontamentos, e, ainda assim, tantas são as folhas que tenho a encher que algumas se perdem, por elas serem tantas, e outras se não podem ler depois, por com mais que muita pressa escritas. As ideias que perco causam-me uma tortura imensa, sobrevivem-se nessa tortura escuramente outras. V. dificilmente imaginará que a Rua do Arsenal, em matéria de movimento, tem sido a minha pobre cabeça. Versos ingleses, portugueses, raciocínios, temas, projectos, fragmentos de coisas que não sei o que são, cartas que não sei como começam ou acabam, relâmpagos de críticas, murmúrios de metafísicas... toda uma literatura, meu caro Mário, que vai da bruma - para a bruma - pela bruma...

Destaco de coisas psíquicas de que tenho sido o lugar o seguinte fenômeno que julgo curioso. V. sabe, creio, que de várias fobias que tive guardo unicamente a assaz infantil mas terrivelmente torturadora fobia das trovoadas. O outro dia o céu ameaçava chuva e eu ia a caminho de casa e por tarde não havia carros. Afinal não houve trovoada, mas esteve iminente e começou a chover - aqueles pingos graves, quentes e espaçados - ia eu ainda a meio caminho entre a Baixa e minha casa. Atirei-me para casa com o andar mais próximo do correr que pude achar, com a tortura mental que V. calcula, perturbadíssimo, confrangido eu todo. E neste estado de espírito encontro-me a compor um soneto* - acabei-o uns passos antes de chegar ao portão de minha casa -, a compor um soneto de uma tristeza suave, calma, que parece escrito por um crepúsculo de céu limpo. E o soneto é não só calmo, mas também mais ligado e conexo que algumas coisas que eu tenho escrito. O fenômeno curioso do desdobramento é a coisa que habitualmente tenho, mas nunca o tinha sentido neste grau de intensidade... "

Fernando Pessoa
(*)"Abdicação".In "Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação"(Ática).



De uma pessoa, para um Pessoa



"Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo,
e eu não.\"

(Fernando Pessoa)

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De uma pessoa, para um Pessoa...
Clevane

Tantas pessoa num só Pessoa,
numa pessoa apenas...
para o olho de teu próprio furacão,
converge cada nova persona,
antigas personalidades,
que agora vêm à tona,
uma uma...
Multifacetas tuas faces,
teus aspectos,
qual ímã,atrais a multiplicidade
de tuas inspirações...
E te desdobras,quais tiras de papel,
serpentinas carnavalescas,
que se sobrepõem,sanfonadas,
uma às outras agarradas...
pensas quete multiplicas,
mas te divides,fragmentado
em ti mesmo...

Teu protagonismo é um leque,
unidade feita de varetas...
As facetas têm rasgos
de tua inspiração,
compõem-se no teu imaginário
recameado de estrelas.
És tu próprio,uma constelação (*)
de poetas ,mas todos têm apenas um coração...

Clevane pessoa de Araújo Lopes
13/06/06(meia noite e 14 minutos)


(*)Referência ao título do livro de Clesio Quesado:\"O Constelado Fernando Pessoa\"(Editora Imago)
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Ricardo Reis,um dos "Pessoa"


Poema de Ricardo Reis(heterônomo de Fernando Pessoa):


Mestre, são plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos,
Se no perdê-las,
Qual numa jarra
Nós pomos flores.

Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver.

Mas decorrê-la,
Tranqüilos, plácidos,
Tendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza...

À beira-rio,
À beira-estrada,
Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.

O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.

Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.

Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.

Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranqüilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.

(*)Para ver as fotos e o trabalho da webmaster e poeta Paola Kaumo, vá a meu site Clevane de Asas:

http://br.geocities.com/clevanedeasas/fernandopessoa.htm

Fonte desta página, flizmente bem preservada por Vânia Diniz.:http://vaniadiniz.pro.br/clevane/homenagem_a_fernando_pessoa.htm

Por isso, imprimo tudo meu que sai:ainda consideo o papel impresso de maior níve de segurança...Só teme as águas.

Clevane

Luciana Campos e eu


Luciana Campos -jornalista, cronista e poeta, intérpete sensível à Poesia que apresenta...




Luciana, quando declamou "Eu que amo o amor", no Palácio das Artes, Terças Poéticas.





Luciana Campos,em 2008-Lagoa do Nado, à noite, logo depois da cerimônia de premiação do InrasCi-perto da belíssima "Flor de Jade".À tarde, no Restaurante D.prea, em reunião do InBrascI, leu haikais dos aldravistas Gabriel Bicalho, J.S.Ferreira , J.B.Donadon e Andreia Donadon.


A jornalista Luciana Campos tem estado em vários monentos muito importantes de minha vida, aém dos cotidianos, pois é irmã de minha nora, Karina Campos.Esta, ao realizar o evento Poesia é Ouro, no Centro Cultural Belo Horizonte, convidou a mana para ser a mestra de cerimônia e ela encantou a todos com os olhos azuis, o lindo sorriso a voz macia e o savoir farie de quem tem formação em oratória.Aliás, são três irmãs , três exemplares de belas mulheres, diferentes um da outra.

Já em meu recital "Mas Afinal Onde Dormem os bejaflores?, nas Terças Poéticas, ela declamou um de meus poemas, e muitas pessoas ficaram com os olhos molhados , entre eles, a Diretora do Museu nacional da Poesia-MUNAP, Regina Mello, que aliás, vem de publicar seu primeiro livro, Cinquenta (*)-em homenagem a sua nova década de existir-e que primeiramente foi apresentado como "livro vivo",no Restaurante Cozinha de Minas.

Eis o poema, que é bem antigo :


Eu que amo o amor...


Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Pelo Dia dos Namorados(12/06)

Eu que amo o amor,conheci-o antes
de que me oferecesses o teu,modelo
de paixão buliçosa e possessiva...
Eu que amo o amor,sabia
que não se ama apenas com palavras galantes,
-às vezes,sou até esquiva
quando me entregam de presente
tantas jóias caras num pequeno escrínio...
Eu,que amo o amor,entrego -te minha alegria
de te amar além do possível,
além das aparências...
E de alguma forma,fui contaminada
pelo vírus oportunista
do teu calor de chamas acariciantes.
Contigo aprendi que no amor
não existem coisas feias,
tudo é luminoso a brilhar
qual a sol em teias de aranha,
frágeis na aparência
e fortes na trama que nos apanha.
Agora,sei que não há possível cura
para o desejo de tua ternura.
Que vou morrer de amor,no amor
-quando a morte vier buscar-me,
esquiva e imprevista.
E partirei envolta na mortalha
dourada e olorosa desse amor
que abrasa e que consome.
Partirei,nua por baixo,despida
da falsa virtude,
depois que me ensinaste a entrega plena.
E volitarei a murmurar teu nome,
tu,professor de plenitude,
que me ensinaste a amar sem peias
a cantar segura e serena...
Publicado por clevane pessoa de araújo em 27/05/2006 às 12h32(**)

É apenas uma declaração deamorisisdade,mas a interpetação, conferiu-lhe uma especificação que o elevou às almas dos presentes.

><*<
Depois, quando fiz, na Galeria da Árvore do Museu Nacional da Poesia, ela apresentou minha mostra Graal feminino Plural . Karina e ela também interpetaram alguns de meus poemas .Minha norinha linda, falou o poema sobre a Burka.Ela é autora já premiada, apesar de jovem, tanto em versos, quanto em prosa, sendo que estará na antologia a ser lançada em Montevidéu, agora em abril, nos II Juegos Florales do aBrace...

Em seu blog (***), há um comentário sobre o primeiro evento cito, em troca de e-mails entre Regina Mello e ela:
Apreciação de Regina Mello, escritora.
20 de outubro de 2008
Querida Luciana,
Muito obrigada pelo presente! (Referindo-se ao poema de Clevane Pessoa, encaminhado por e-mail, por mim)

"Parabéns pela escolha e interpretação deste belo poema.
Você tocou meu coração. Eu fiquei paralizada tomada de emoção. Realmente o mais belo poema que já ouvi, sua interpretação foi perfeita, sua alma de mãos dadas com o seu amor, soltavam a emoção do poema no ar. Só mesmo uma pessoa que ama o amor pode fazer isto. Obrigada! Viva o amor!
Obrigada por me enviar, li e emocionada lhe agradeço e parabenizo!
Vou guardar esta noite na minha caixinha de melhores lembranças.
Que Deus te abençoe!
Um grande abraço e beijos,
Regina"


Haikai da escritora



"O vento corre
E a água escorre em fio
Tecendo a luz "

Reginamello2008

Fonte:http://jornalistalucianacd.blog.terra.com.br/


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(*) Cinquenta é edição da anomelivros, do edior Wilmar Silva, agora em parceria com o MUNAP.

(**) Publicado na Internet, inicialmente em http://clevanedeasas.blogspot.com/

(***)http://jornalistalucianacd.blog.terra.com.br/

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E agora, um texto da própria e talentosa jornalista:
Viagem (relato de insight que vivi)
18 de junho de 2008
Ontem fiz uma viagem. Fui a um dos lugares mais importantes e espetaculares que já visitei. Viajei para muito longe, mas já estou de volta mais segura e amante da vida como nunca. Quero contar para todas as pessoas que estimo, pois foi um fato tão mágico que só os seres de coração aberto devem e merecem sabê-lo. De olhos fechados, deparei-me com uma moça alegre, divertida, enérgica. Ela levou-me a um lugar ainda estranho, de infinita leveza… Diversas indagações foram feitas por mim, afinal, não seria eu a resistir tamanha curiosidade. Queria mesmo saber mais sobre essa menina feita de vento, espírito, luz e amor. Durante as perguntas, descobri que aquele ser misterioso e tão sonhador se parecia comigo, o que fez-me continuar a seguí-la pelo caminho de flores. Seus olhos tinham um ar de meiguice e tristeza sem fim. "De onde vinha tanta tristeza?", perguntei-me. Ela me abriu seu coração, sua mente, amores e dores. Este diálogo quase sem palavras ou sons, sem gestos ou cobranças, jamais havia ocorrido entre mim e qualquer outra pessoa. Dentro deste ser havia tanta força que apaixonei-me por sua maneira de lidar com a vida, por seu olhar e pela caridade ao próximo que habitava seus gestos. Seu âmago era repleto de carinho, e ao aproximar-me um pouco mais, ao fitar seus olhos como quem reconhece a si mesma, descobri que estava lidando com meu próprio íntimo. Um sentimento de alívio pairou sobre mim. Percebi, com certeza, que não há nada melhor e mais estimulante do que se conhecer de verdade. O autoconhecimento livra-nos das repressões sem fundamento, das leis e manipulações exageradas. Foi maravilhoso estar diante de mim mesma, de alma aberta, sabendo assim, que mesmo com todas as fraquezas e ignorâncias existentes, há alguém muito especial pra mim e para muitas outras pessoas. Eu mesma! Faça você também uma viagem a um lugar misterioso, lindo e fantástico, aonde você descobrirá um ser maravilhoso, que não deve ser reprimido quanto aos seus anseios mais profundos e benfazejos. Experimente e verás que não há nada igual… Luciana Araújo Campos Diniz Escrito em 2000. Revisado em 2008