Amigos:
"Monteiro Viana-Lírico/Moderno"
Encontrei , em PDF, pelo Google, uma dissertação de Mestrado em Letras , escrita por Paula Cavalcanti Monteiro da Silva, pelo CES de Juiz de Fora(Centro de Ensino Superior, onde eu própria cursei psicologia até ao oitavo período-tendo concluído o curso em Belo Horizonte,pela FUMEC) .
Eu ainda tinha aposto ao meu nome, o sobrenome Rocha, de meu primeiro casamento , com o jornalista e poeta Messias da Rocha,pai de meu primeiro filho.
Ela cita um trecho de crônica ou artigo que escrevi sobre meu querido amigo José Monteiro de Magalhães Viana, português radicado em Juiz de Fora-e que antes de falecer, levara à minha casa,os papéis de proposta ao Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora, ao qual ele pertencia.Ele era poeta e artista plástico . Fora visitar meu primogênito, eu ainda de resguardo.,
Quando o visitei do Instituto Oncológico, chocada porque ele levava uma vida saudáve,d e vegetariano e onde ele me doou um quadro do qual eu gostava muito,de sua spérie lUar, que jamais fui buscar em sua casa, emora, por telefone, a filha confirmasse que ele,no leito,pedira que o dessem a mim.Eu era muito tímida.
isso tudo aconteceu dos anos 60 aos 70, quando eu trabalhava na Gazeta Comercial.
Era comum àépoca,que pensassem ser "Clevane", um nome masculino -pelo que papai muito protestava, alegando que terminava em "Ane", muito fminino,mas talvez se pensasse em Giovane, por exemplo-.A autora da dissertação, Paula, diz textualmente: "Clevane Pessoa de Araújo Rocha, amigo de Monteiro Viana, publicou em 1968,na Gazeta Comercial , as seguintes palavras:
Diariamente ele vai à sede do NUME onde é acatado carinhosamente.As rugas do rosto e a farta cabeleira branca atestam uma vivência intensiva, rela, autêntica.José monteiro de Magalhães Viana nasceu em Vila Meã, em Portugal, a 9 de março de 1896, filhode Alfredo da Silva Vianna e AgostinhaQueiroz Viana, com apenas dezesseis anos, veio para o Brasil .Aposentado pelo INPS, é pintor, prosador, poeta, trovador e historiador.Tudo isso com encantadora simplicidade e uma vívida simpatia. Não tem livros publicados, mas seus inúmeros trabalhos, especialmente em Juiz de Fora, têm sido publicados esparsamente.Em Belas Artes, já obteve Menção Honrosa e Medalhas de Bronze.Seis quadros, excelentes, são poemas em tintas.Pertence, além do NUME, ao Instituto Histórico e geográfico de Juiz de Fora, e à Sociedade de Belas Artes Antonio Parreiras.De Monteiro Viana, esses magníficos conceitos:”A arte é a beleza da Vida” e “Ser poeta é sintetizar a vida pelo que ela tem de melhor”.Nota-se o otimismo desse jovem de setenta e dois anos.A beleza o chama e ele sabe interpretá-la.É um potencial de coisas belas...Perguntei-lhe o que era a vida.Com um sorriso, ele ponderou:”Para entender a vida, devemos primeiramente, transcender”.
A vida é seu tema eterno.Há vida em seus olhos,nas mãos que pintam e que escrevem,
Suas palavras todas.Assim é Monteiro Viana, de quem beijamos, comovidos, as mãos.(Rocha, 1968b, sem paginação)
O trabalho de Paula teve como princípio analisar o autor portuguê quando ele morou em Juiz de Fora, além de analisar as traduções que ele fz de românticos ingleses do Século XIX, Percy Bysshe Shelley e john Keats. Eu possuía essas traduções,na letra dele, em letra de forma, a caneta.Numa nechente na Ilha de S.Luiz, capital do Maranhão, perdi-as exceto uma de Shelley e um poema dele próprio, comparando o Universo a um trem que Deus põem nos trilhos,mas que sempre descarrilha para o outro lado.
Com ele, fiz parte de um concurso de trovas, da UBT, que eu presidia, o Concurso de trovas Ludgero Nogueira, intrnacional.Emnehum momento,aquele sábio e experiente trovador esnobou a jovem que eu era, pelo contrário, trocava opinião comigo, respeitosamente...
A dissertadora cita ainda minhas palavras,quando anunciei no jornal,que ele , no festival de Poesia de Pirapora, tivera poema classificado.Sobre esse concorrido festival, à época, fiz um poema concreto, chamado “Enchente de Gente”
Tenho ainda duas fotos dele, uma numa abertura de salão da SBAAP(Sociedade de Belas Artes Antonio Parreiras –onde ele tmbém fez parte, na Diretoria e eu estudei com Clério de Souza, o Presidente, que assinava as telas como Pimpinela e me ensinou a amar a sombra e a luz) e outra em minha posse no Núcleo Mineiro de Escritores,NUME.Vou escaneá-las para postar e assim manter viva sua memória.Em meu e-book, comento o quanto o amávamos, um Mestre.Apresentou-me aos livros de Khrisnamurti, lia-me seus versos, mostrava-me seus poemas e traduções.A esposa, pequena e linda como ele, nos recebia sorridente e nos oferecia um rico café, em sua casa cheia de arte e belezuras:os cabelos grisalhos bem penteados, tioda arrumadinha, esperava o marido poeta e seus amigos jovens.
Ler a dissertação de Paula Cavalcanti Monteiro da Silva, fez-me recordar que ela se chamava D.Magdalena e me perguntao se a dissertanda, pelo segundo sobenome,não seria parente do artista e poeta.Logo, leio mais e vejo que era seu bisavô.Ele haveria de curtir muito o convívio com os netos,pois amava a juventude,Eu, sempre me senti um pouco sua pupila.Embora a tela que me doou em seu leito de morte não tenha chegado a mim , ainda a vejo,uma lua enorme-e ele sabedor de meu signo luar, a ofereceu, sempre generoso, já nos últimos dias de vida.Fazia parte de uma série.E assim como não mais tenho meu idoso/jovem amigo,mas basta-me fechar os olhos para vê-lo na a memória, também possuo esse quadro na alma e o relembro.Um presente simbólico e eternal.
Quando fui homenageá-lo no Instituto Histórico e Geográfico, aconteceu algo especialíssimo: eu o vi, ali presente, em suas calças de veludo cotelê e ao pronunciar os versos de suas trovas, minha voz saiu com sotaque português.Minha amiga e dele, Vilcar (a pintora Elzira Vilela Carneiro), cumprimentou-me depois pela “imitação” que eu fizera de seu sotaque luso.Mas, conscientemente, não foi o que aconteceu.Tive a impressão de que ele falava através de minha voz!
Uma de suas trovas, repetida muitas vezes, por José Carlos de Lery Guimarães, na Rádio Industrialde Juiz de Fora, em seu programa Contraponto-num concurso de ilustração, cem trova de autores da cidade-que não chegou a ser publicada,mas que ilustrei, uma a uma, a bico de pensa, mandando meu mano Luiz Máximo ir receber por mim, ro prêmio em livros,no Vice Consulado de Portugal, porque eu era muito tímida:
Mas com que graça esta Graça
Requebrando , pisa o chão
-sem saber que quando passa
Pisoteia-me o coração...
Postumanente, teve rua com seu nome, recebeu a Medalha camões, concedida pelo Vice Consulado de Portugal , onde estudei Literatura Portuguesa com Cleonice Rainho , li tantos livros de autores lusos enviados pela Fundação Calouste Goubenkian-e cujo Vice Cônsul-o saudoso Manoel Martins de Oliveira Costa, era também poeta-trovador.
Bem , a Internet traz dessas agradáveis surpresas.Hoje,passei a tarde lendo o trabalho,que tantas memórias de minha juventude em Juiz de Fora , trouxe-me.Cumprimento se agradecimentos à autora e que no seu sangue,a POIESIS de seu bisavô sempre possa nadar , em forma de peixes mágicos ,ao luar de sua genética.benditos os descendentes que não ignoram e rememorizam seus ancestrais!
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horuioznte, 07/04/2010
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