sábado, 14 de março de 2009

Branco x Negro - Mini-conto inspirado em meu conto -Portugal em minha vida e divagações afins







Mar à Noite(fonte-->http://www.porto.taf.net/dp/files/20060901-mar.jpg)


Foto de Terezinha Pereira , que no ano passado mandou poema para o PAZ e POESIA e a quem convidamos para a ação deste ano, dia 26 de abril.E também às sobrinhas que escrevem Poesia.

Ilustração:detalhe de um de meus desenhos apresentados em minha mostra "Graal Feminino Plural"(na Galeria da Árvore,um espaço do Museu Nacional de Poesia-MUNAP-dirigido por Regina Mello- até 02/04, no Parque Municipal Américo Renê Gianetti, em Belo Horiznte, MG-Brasil)

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Releituras sempre me intrigaram.Recebi umas belíssimas,de poemas meus, meu amigo virtual/real José Geraldo Neres, logo que comecei a publicar no Portal Palavreiros -e até publiquei algumas em e-books ou livros.Uma tendência hodioerna.Nunca recebera um conto meu, reescrito:o enredo resumido.No ano passado, Rogério Salgado fez o comentário de todos os meus contos de Mulheres de Água ,Sal e Afins, inclusive esse.Perguntou-me por telefone se eu gostara, mandara-me ,gentilmente,a página da "Folha do Padre Eustáquio" - onde faz resenhas.Brinquei com ele , que agora, ninguém mais precisaria ler o livro, tal a minucioca descrição de cada conto, onde comentava princípio, meio e fim.Posso ter essa liberdade com o Poeta, amigo antigo, de quem fui madrinha de casamento.

No caso de meu conto ,"O Labirinto Negro", por ser nodestina, cresci entre as vestes da casa paterna, os alvos e engomados panos - toalhas, colchas-de mamãe, com aqueles labirintos tão cheios de detalhes...Aprendi a fazer crivo na escola, depois com uma professora específica, particular, pois adorava bordar-em "Bicas do Meio", hoje Wenceslau BráS, no Sul de Minas, qaundo eu era normalista em Itajubá.Quando escrevia , às pressas e sem parar, por causa do prazo que escoava-se naquele dia,o conto para o concurso do Racal Clube, à mão, porque ainda não tinha computador e ainda tinha de levar para os olhos verdes de Relva Caroline digitar (uma adolescente encantadora- ela sempre conta-me que despertou para as Letras, de tanto digitar meus livros e textos outros), que depois revisei e foi Eduardo, meu marido zeloso, quem saiu quase à hora da agência de Correio fechar, para enviar, no último dia do prazo, essa história.Enquanto eu escrevia, o insight:em vez do branco pleno, o negro tenebroso.A labirinteira, assim , mostraria a quantas andava sua dor.E para nós ocidentais, o preto é a cor do luto.

Recebi, numa coletânea encadernada o conto ,premiado em primeiro lugar- que me deu um prato de bronze gravados o brasão da região e o agradecimento por minha presença lá (não fui receber o prêmio-e isso é outra história, que já relatei em algum lugar da Internet-- porque o MiNC, a SECMG e a PMBH disseram que o pedido precisava de mais dias-detalhe :a carta que anunciava a premiação acabara de chegar, o que eu explicava, por telefone, em vão ) , mais uma pesada Medalha, com Samora Barros, o Poeta homenageado nos XXIII Jogos Florais do Algarve.Junto da comunicação, viera uma extensa lista de premiados ao longo dos denais concursos -e o Secretário de Cultura disse, à guisa de consolar-me:"afinal, foram tantos os premiados"...Tentei a belotur, o MEC, o MINC...mais is órgãos de cultura ou educaçãp aqui na capital mineira.Muitos parabéns e palavras gentis...Mas eu que sou descendente de Portugueses, ainda sofro o não ter ido:Collor nos sequestrara todas as reservas, filhos estudando, marido engenheiro desempregado, pela primeira vez, desde que se formara...Como ir?O prêmio , meu sonho:conhecer a Zona Medieval de Portugal.

Os amigos e pacientes, mobilizavam-se:uma oferecia um nome amigo em uma agência de turismo.Neta, informavam-me que eu teria de ficar lá mais de uma semana, senão o preço subiria.E o RACAL oferecia três dias em um hotel...Eu teria de pagar mais quatro, se fosse atender às normas de viagem turística segundo a gerente...Uma paciente cuja irmã estivera em portugal, trouxe-me uns escudos "para ajudar", disse-me.Mas o Euro já se instalara...E entre a escola de meus filhos-somente eu trabalhava agora, no HJK, funcionária pública-e fazer um empréstimo para viajar, optei pela desistência...E , no final, uma grande conta telefônica a pagar...

Acho que jamais recuperei-me totalmente desse registro de impossibilidade, porque hoje, ao receber um e-mail, despencaram as lembranças..."O Labirinto Negro", agora habita as páginas de meu primeiro livro de contos, Mulheres de Água, Sal e Afins.Tinha por peso o insighth do branco X o negro.Agora, já deflorado.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes _____________________________________________________-

Terezinha Pereira , escritora da Academia de Letras de Pará de Minas e eu, sempre trocamos e-mails e textos, livros-além disso, suas interessantes sobrinhas pequenas escrevem e mandam-me textos para http://filhotesdeborboleta.blogspot.com
Algumas vezes em que veio a Belo Horizonte, tentamos nos encontrar, mas ainda não deu, por causa de meu trabalho contpínuo, mas uma dia dará certo.
Hoje, abro a caixa de entrada de um de meus endereços virtuais e encontro seu convite a que vá a "Alma Carioca", onde cita meu nome.

Ela acabara de publicar um mini-conto que escreveu e resume um de meus contos premiados, que trago para vocês, com meu comentário:

Querida Terezinha:

Obrigada por citar-me .
Esse meu conto, O Labirinto Negro, foi Prêmio Ex-aequo em Portugal, primeiro lugar nos XXXIIIJogos Florais do Algarve(RACAL Clube), entãp, algumas pessoas me disseram, com os cumprimentos:"não sabia que você escrevi contos de mistério."Isso, por causa do título, dramático:a cor negra imprime sentimentos tenebrosos, às vezes, atávicos.Não se trata porém , de conto de suspense ou literatura fantástica.Muito menos fala de um túnel escuro, a ser percorrido em fuga.Ou de caminhos quais o labirinto de Creta, os jardins ingleses...Conforme você sabe, é a história de um pescador e sua bordadeira.
O labirinto é um bordado minucioso,realizado em grandes bastidores de madeira.Ou pequenos:do tamanho da peça a ser executada.
Mas, no fundo de meu inconsciente -o pessoal e o coletivo, falo do mar.Quase já fui tragada pata um caldeirão, em Fernando de Noronha, pequena ainda.
E na verdade, nós os seres humanos ,temos atavicamente atração e pavor do mar -depende de inde se está:numa praia, em alto mar.O mar abissal, misterioso.
Quando você enviou seu mini-conto,fiquei surpresa de você ter resumido o enredo do meu.Sei que atualmente, usa-se fazer releituras de poemas, mas ainda não lera nehuma de prosa.Reli-o , então, e aprovei, mesmo porque teve a lisura de enviar-me antes. E gosto de seu feitio de escritora.Publiquei-o, lembra, em um de meus blogs(*).A vida que vale a pena é de troca e soma.Assim , um de seus contos, de seu livro "Contemplação", trabalhei-o com minhas alunas de uma oficina de contos, no S.Bernardo-a maioria, pedagogas.Essa aula foi uma sensibilização para as questões de gêneros.Lembrei-lhes que seu protagonista era uma espécie de Scherazade masculino:contava histórias à amada...à beira mar.Essa mesma fascinação que você tem pelo mar, tenho, de forma plena: sou nordestina, embora radicada em Minas e nas vezes que nmorei em cidades marítimas, todos os dias, essas águas lunares e cíclicas traziam um presente diferente à minha alma de poeta e artista. ..
O primeiro leitor que enviar um e-mail, receberá meu livro "Mulheres de Sal, Água e Afins"(Edit.Urbana, RJ/Libergráfica,BH-MG)-onde está o Labirinto .Não tenho muito mais.
Obrigada por conduzir-me até "Alma carioca", onde pretendo escrever um dia, conforme você já me sugeriu algumas vezes.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Embaixadora Univ.da Paz(Cercle de Les Ambassadeus de la Paix-Genebra, Suiça;Orange, França);Diretora Reg.do InBrasCi em BH/MG
E-mail:pessoaclevane@g-mail.com
blog:http://clevanepessoa.net/blog.php

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"A página de "Alma Carioca":http://www.almacarioca.net/pontos-negros-na-linha-de-encontro-do-ceu-com-o-mar-terezinha-pereira

Contos-negros-na-linha-de-encontro-do-ceu-com-o-mar-terezinha-pereira

"Como todas as mulheres daquela aldeia à beira-mar, ela tecia rendas com fios de puro branco. Enquanto durava a tecitura, como as outras, ela também ficava à beira-mar. A cada manhã, acompanhava a partida dos homens da aldeia _ pais, maridos, noivos, filhos_ que saíam em busca do sustento do lar. Ao entardecer, com belos rendados nas mãos, as mulheres da aldeia se emocionavam com o surgir de pontos escuros lá na linha do horizonte. Eram minúsculos pontos que iam crescendo e tomando forma de barcos. Um momento de grande júbilo, a chegada dos homens com seus barcos cheios de peixes ou não.

Nesse dia, ela amanhecera radiante como o nascer do sol na linha do mar. Havia vivido a mais bela noite de amor com aquele com quem em breve iria se casar. Com mãos ágeis, riso solto, passou o dia a tecer uma renda de ponto raro. Seria a veste da noite de núpcias. O tempo passou ligeiro. Logo veio o momento de olhar lá no distante do mar. Os pontos a surgir. Aos poucos, cada um tomou figura de barco com seus barqueiros. Mas…….. E o barco do noivo? Pelo olhar dos que chegavam, ela sentia o que ocorrera.

Passados dias e dias de murmúrios e lágrimas na solidão de sua casa, ela mandou vir da cidade uma porção de rolos de linha negra. Renda negra? Os da aldeia lhe indagavam. Calada, com as outras mulheres da aldeia, ela continuou a tecer à beira-mar. Dessa vez, com fios de puro negro. Algumas conjeturavam que ela ainda estava à espera do noivo, pois não se cansava de olhar o mar. Outras supunham que ela tramava uma peça de roupa de luto, por causa da viuvez.

Quando a renda negra tomou o tamanho de seus vestidos, ela a enrolou em volta do corpo e permaneceu na praia, à espera do silêncio da aldeia. Era numa noite de lua cheia. E, quando a lua estava bem no alto fazendo de prata a espuma das ondas, ela caminhou em direção às águas do mar. Coberta de renda negra e com o mais belo sorriso, como o daquele dia em que o noivo partira para não mais voltar. Pôs os pés na água e caminhou, caminhou, caminhou mar adentro……..até se transformar num pontinho negro lá na linha de encontro do céu com o mar e desaparecer. Para sempre".

***

Inspirado no conto”O labirinto negro”, de Clevane Pessoa Lopes, primeiro lugar no concurso literário “XXIII Jogos Florais do Algarve”, Portugal, 2001, publicado no livro “Mulheres de sal, água e afins”, Belo Horizonte: Urbana, 2006 )
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Publicado por Terezinha Pereira \\ tags: Terezinha Pereira
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3 comentários para “Pontos negros na linha de encontro do céu com o mar - Terezinha Pereira”

Comentários sobre o miniconto:

1. lu dias bh disse:
14 de março de 2009 at 9:43

TT

A vida de quem depende do mar não é moleza.
Quando o pescador parte fica sempre uma interrogação.
Principalmente, nos países pobres com suas deficientes embarcações.
Nunca se sabe quem volta.

Peguei um documentário sobre os pescadores do mares gelados.
Fiquei impressionada com a coragem e o perigo a que são submetidos.
Há pessoas que possuem excesso de adrenalina, que precisa ser gasto com o perigo.

Eu amo o mar, mas ao mesmo tempo ele me amedronta.
Meu sentimento é ambivalente em relação a ele.

O seu conto está lindo e comovente.
Parabéns!

Grande beijo,

lu

Resposta
2. Terezinha disse: 14 de março de 2009 at 10:44

Lu~,

quando li o conto “O labirinto negro” de Clevane Pessoa, identifiquei-me com ele. Escrevi este mini-conto e o enviei a ela, que o aprovou.

Eu já havia escrito alguns contos que me remeteram ao dela.Essa coisa do ir ao mar a cada manhã e nunca saber se vai voltar…….. Isso mexe muito com a gente.

O mar também me fascina e me amedronta.

Obrigada pelo comentário."

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Beijos,

TT

Resposta
3. Hila Flávia disse: Reply to this comment
14 de março de 2009 at 11:22

Ai, Terezinha, que tristeza! Seu conto teceu em meu coração uns pontos que sangraram. Que coisa dolorosa é a não volta, o não retorno, o não mais ver. Só mesmo indo atrás.

Resposta
4. Clevane Pessoa de Araújo Lopes disse:
14 de março de 2009 at 13:08

Querida Terezinha:
Obrigada por citar-me .
Esse meu conto, O Labirinto Negro, foi Prêmio Ex-aequo em Portugal, primeiro lugar nos XXXIIIJogos Florais do Algarve (RACAL Clube), entãp, algumas pessoas me disseram, com os cumprimentos:”não sabia que você escrevi contos de mistério.”Isso, por causa do título, dramático:a cor negra imprime sentimentos tenebrosos, às vezes, atávicos.Não se trata porém , de conto de suspense ou literatura fantástica.Muito menos fala de um túnel escuro, a ser percorrido em fuga.Ou de caminhos quais o labirinto de Creta, os jardins ingleses…Conforme você sabe, é a história de um pescador e sua bordadeira.
O labirinto é um bordado minucioso,realizado em grandes bastidores de madeira.Ou pequenos:do tamanho da peça a ser executada.
Mas, no fundo de meu inconsciente -o pessoal e o coletivo, falo do mar.Quase já fui tragada pata um caldeirão, em Fernando de Noronha, pequena ainda.
E na verdade, nós os seres humanos ,temos atavicamente atração e pavor do mar -depende de inde se está:numa praia, em alto mar.O mar abissal, misterioso.
Quando você enviou seu mini-conto,fiquei surpresa de você ter resumido o enredo do meu.Sei que atualmente, usa-se fazer releituras de poemas, mas ainda não lera nehuma de prosa.Reli-o , então, e aprovei, mesmo porque teve a lisura de enviar-me antes. E gosto de seu feitio de escritora.Publiquei-o, lembra, em um de meus blogs(*).A vida que vale a pena é de troca e soma.Assim , um de seus contos, de seu livro “Contemplação”, trabalhei-o com minhas alunas de uma oficina de contos, no S.Bernardo-a maioria, pedagogas.Essa aula foi uma sensibilização para as questões de gêneros.Lembrei-lhes que seu protagonista era uma espécie de Scherazade masculino:contava histórias à amada…à beira mar.Essa mesma fascinação que você tem pelo mar, tenho, de forma plena: sou nordestina, embora radicada em Minas e nas vezes que nmorei em cidades marítimas, todos os dias, essas águas lunares e cíclicas traziam um presente diferente à minha alma de poeta e artista. ..
O primeiro leitor que enviar um e-mail, receberá meu livro “Mulheres de Sal, Água e Afins”(Edit.Urbana, RJ/Libergráfica,BH-MG)-onde está o Labirinto .Não tenho muito mais.
Obrigada por conduzir-me até “Alma carioca”, onde pretendo escrever um dia, conforme você já me sugeriu algumas vezes.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Embaixadora Univ.da Paz(Cercle de Les Ambassadeus de la Paix-Genebra, Suiça;Orange, França);Diretora Reg.do InBrasCi em BH/MG
E-mail:pessoaclevane@g-mail.com
blog:http://clevanepessoa.net/blog.php
http://clevanepessoaeoutraspessoas.blogspot.com




(*) Terezinha pereira:"Terezinha Pereira, professora, contadora de histórias, escritora, reside em Pará de Minas/MG - Brasil. Começou a escrever em 1988, influenciada pelo pai, por dona Amélia, uma de suas professora do curso primário e por todos os autores que a encantaram com seus textos que começou a ler aos 6 anos de idade.
Publicou três livros: "Em confidência", romance, Belo Horizonte: Mazza , 2000; "A Última folha", tradução, São Paulo: Cone Sul, 2001 e "Se uma pianista numa noite branca..."-contos"(...)
Fonte:http://www.portalcen.org/bv/terezinha/terezinha.htm

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