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domingo, 4 de maio de 2008
Cavalo de Pau ,Poema de Yeda Schmaltz-e poema no muro
Cavalo de Pau ,Poema de Yeda Schmaltz
Imagem:em flash de Masé Soares, um dos muros da "Casa da Poesia",onde morava a poeta Yeda Schmaltz.yeda era pernambucana, radicada em Goiás, onde integrou sua poesia à vida e aos costumes goianos.
Sua poesia erótica tem um estio tão pessoal que é ,felizmente, inmitável.por mais que tentem.
Nestes muros, florescem seus versos e neles pousam borboletas.Certa feita, fotografou, na madrugada, uma que pousara, posara em seu computador, deliciosamente encantada. E nos enviou o regalo.
Cavalo de Pau
Quando amo, sou assim:
dou de tudo para o amado
— a minha agulha de ouro,
meu alfinete de sonho
e a minha estrela de prata.
Quando amo, crio mitos,
dou para o amado meus olhos,
meus vestidos mais bonitos,
minhas blusas de babados,
meus livros mais esquisitos,
meus poemas desmanchados.
Vou me despindo de tudo:
meus cromos, meu travesseiro
e meu móbile de chaves.
Tudo de mim voa longe
e tudo se muda em ave.
Nos braços do meu amado,
os mitos se acumulando:
um pandeiro de cigana
com mil fitas coloridas;
de cabelo esvoaçando,
a Vênus que nasceu loura.
(E lá vou eu navegando.)
Nos braços do meu amado,
os mitos se acumulando,
enchendo-se os braços curtos
e o amado vai se inflando.
— O que de mais me lamento
e o que de mais me espanto:
o amado vai se inflando
não dos mitos, mas de vento
até que o elo arrebenta
e o pobre do amado estoura.
(Nenhum amado me agüenta.)
Livro: A alquimia dos nós (1979).
Po(u)sara na morna madrugada
bem no rosto do computador,
uma borboleta ,que não voava,
não voava,talvez encantada
com a magia da poetisa
que seus versos lapidava...
Passiva, foi (foto)grafada
e aos poetas notívagos enviada
pela mulher que conosco compart(ilha)va
a descoberta do inseto encantador.
Penso agora que seu pólen,
a inspiração con/sagrada
aos deuses já sem pudor,
atraiu a falena intrigada
com a força de seu olor.
Penso ainda ,que a voadora,
ao ficar ali à espera
de um ciclo a se fechar,
era uma anja disfarçada
que descera para ensinar
a poeta a se despregar,
tão em breve,tão de leve
qua nem pudemos notar...
Clevane Pessoa de Araújo Lopes, após a madrugada da passagem de Yeda Schmaltz.
Escrevi vários e alguns encontram-se em Memoriais que os poetas fizeram para despedir-se dela...Realmente, ela nos enviou essa fotografia cita ,da borboleta pousada no computador...
(pblicado em 1997, em http://www.clevanepessoa.net/blog.php
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