sábado, 18 de outubro de 2008

Eliane Velozo-Pequena Crônica do Caos Anunciado



Pequena Crônica do caos Anunciado,

Foto:fonte-->Portugal,www.ipf.pt/.../2008_01/default_files/velozo.jpg

página: www.ipf.pt/conteudo/newsletter/2008_01/

"Fotografia de Eliane Velozo".

A palestra tem como tema básico três projectos:
- "Tempos de Tempos”, um apanhado filosófico, poético, fotográfico sobre tempo.
- "Travesão”, uma viagem a pé, da cidade de Ouro Preto até Belo Horizonte, em Minas Gerais, Brasil.
- "Sonho Branco”, sobre plantações de algodão, tendo como fundamentação ancestralidade, memórias e sonhos.
No IPF-Lisboa: 15 de Janeiro, às 19h00. Entrada livre.
Evento organizado pela Embaixada do Brasil em Lisboa.

Leia a entrevista feita pelo jornalista Ranulfo Pedreiro:
Eliane Velozo e a fotografia para cegos

Para todos queridos e queridas amigos (as)


Retorno, mais uma vez de minha terra natal - Pernambuco - tendo viajado numa lata voadora, o que acho uma coisa muito anti-natural... Bom mesmo seria estar sempre com os pés no chão!

Fico assustada quando entro numa dessas latas, mas confesso ser a única maneira de administrar minhas idas e vindas mundo afora.


Lá, na terrinha natal, estão todos bem, apesar do que reza as questões familiares (de saúde, trabalho e de relacionamentos).

Fui ao agreste pernambucano, o torrão exato no qual iniciei minha jornada nesse mundo.

Ali está tudo bem verdinho e a promessa de boas safras de feijão, milho, e quem sabe, em algum lugar, um tiquinho de algodão.

Estou “passada”, “bege”, etc e etc, com as coisas da política e da falta de lei e ética em nosso país....

Isso eu somente falo agora, porque vivenciei mais de perto o que de alguma forma já sabia... a realidade que está posta, com naturalidade, em muitos municípios de nosso Brasilzão.

A cidade a que agora me refiro, tem uma população de cerca de doze mil habitantes, incluindo a zona rural.

Apesar de todos os esforços que já possam ter sido feitos, nela existem bolsões de pobreza e muitas pessoas que passam a vida esperando os “bolsas” os “vales” as “ajudas” e nunca os empregos., que, de alguma forma, são desnecessários.

Nessa cidade, por incrível que possa parecer, um vereador (são 7) ganha, de salário mensal, algo em torno de três mil reais, a secretária de educação (entre outras), cinco mil reais por mês, o vice prefeito cinco mil e o prefeito oito mil, além dos outros “cabides”, claro!

Para fazer o que? Nada ou quase tudo isso: NADA!

A “corrida do ouro” acirrada em época de eleições, gera um “vale tudo” sem fim.

Comprar voto é como beber água.

A cidade, tão pequenininha e indefesa, vive ao descaso em todos os sentidos.

A poluição sonora, algo ensurdecedor, não dá paz, especialmente aos mais idosos, pois todo jovem tem uma motocicleta “envenenada”, para se exibir subindo e descendo as ruas da cidade. Os que ganham um pouco mais de dinheiro possuem um sistema de som, equipado de carro, para, rua acima, rua abaixo, ouvir(?) músicas(?) em altíssimos volumes, sendo essas em geral de péssimo teor em qualidade musical e letras que primam por conteúdos jocosos. Quanto mais jocosos mais chamam a atenção.

Nenhum projeto de educação, esportes, cultura, ou qualquer coisa que informe que o município está vivo, apesar dos quinhentos a um milhão de reais que recebe, de várias fontes, a cada mês, para programas que não funcionam pois toda essa grana vai pra o “buraco negro” da política brasileira, onde nada ou quase nada é feito e os recursos são, em geral “embolsados” pelos mais “espertos” que enriquecem descaradamente.

É isso, meu povo.

O meu agreste, rico pelo esforço do trabalho diário, pela capacidade de esperar as chuvas para a lavoura, e conhecido pelos homens de bem que costumavam viver por lá, hoje sofre de um câncer sem tamanho, e acredito que não houve, na história do Brasil, momento tão crítico de barbárie.

Por causa da violência, muitos desses homens de bem já não ficam mais morando nos sítios. Eles são arrastados, para os aglomerados humanos, pela ilusão de uma vida melhor e mais segura nas cidades.

O “nome do santo” eu não preciso revelar, pois acredito que esse é o caso de tantos outros recantos de nosso país!

O que nos resta fazer?

-rezar quando for de rezar

-chorar quando for de chorar

-abrir os olhos quando for de abrir

-calar quando for de calar

-falar quando for de falar.


Terra sem lei!!!!!


Sorrir???

Até quando?????



Eliane Velozo

Belo Horizonte, (dia do professor), 15 de outubro de 2008.

>>**<<

Eliana, conforme noticiamos, é poeta visual e suas fotografias são espetaculares,Recentemente, conforme divulgamos, chegou do Texas , onde expôs a série White Dream , com tem´´atica do algodão, resultante da perseguição a um sono, o que a levou a pesquisar suas raízes.
Pernambucana, radicada em Minas gerias, Elaine é um exemplo.
Informar que ela é deficiente visual, parece absolutamente desnessário, mas a força do exemplo, a ser aplaudido, leva-me a lhes dizer que sua visção é curtíssima.Para mim , foi uma honra estar com ela na edição III do ORIGINA<_Livro de Artistas, organizada por Regina mello, Diretora do museu Nacional da Poesia, MUNAP.

A foto em cores, mostra a fotógrafa Eliane Velozo,ao centro, entre Iara Abreu (atualmente expondo poemas ilustrados e outras peças, -inclusive o facies de Milton Nascimento em barro , na Biblioteca municipal -Praça da liberdade 21 e temas urbanos) e Regina Mello, também fotógrafa, o trio, integrante do livro-álbum POIETISA que Marco LLobus e eu estamos preparando.

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