segunda-feira, 7 de julho de 2008

Poema para Joaquim Evónio e poemas de sua lavra





Joaquim Evónio é pessoa generosa, talentosa, que nos oferece espaço em sua Varanda das Estrelícias(strelitzias).E paciente.
De vez em quando, envio alguma colaboração para um endereço dele que não o esperado para tal.Ele então reenvia a chamadinha delicada.
Gosto muito do que ele escreve e sempre tenho desejo de lhe agradecer pelo belo sítio que me oferece, numa caudal de generosidade.
Perdi a oportunidade de conhecê-lo quando esteve no Brasil para a Semana do Escritor que Douglas Lara promove em Sorocaba, quando lança o RODA VIVA, uma antologia "de peso".

Visito-me e encanto-me com a alegria do sítio:gosto dessa hospedagem lida.Visitem-me (e depois aos demais autores e ao próprio Evónio):

http://www.joaquimevonio.com/espaco/clevane_pessoa/clevanepessoa.htm

Quero retribuir e passo a publicar abaixo,seus poemas,dos quais gosto, não apenas porque sua alma de artista produz uma POIESIS pictórica, mas ainda pela leveza do verbo, o ritmo característico dos versos que são facilmente decorados, repetidos, ótimos para declamar.
Joaquim Evonio,é desses poetas qe não sopesam com excessos a estrutura do poema:tem o dom de , com poucas palavras bem alinhadas e eminhadas na balança da beleza, dizeru tudo que deseja-e cabe a nós reinterpretar o poema ou advinhá-lo a maior-basta acompanhar seu vôo.

O artista abre os campos de seu self e mostra-se sensível às estrelicias.Fotografa o jardim materno.Coleciona imagens que nos maravilham .A flor da estrelícia, que contém cores e delineia um perfil de ave, conforme o ângulo, um bico de beija-flor,parece-me a própria representação do "poetamigo"(*) luso.

Descendente de portugueses, carrego atrelado ao nome , o sobrenome Pessoa.Isso enche-me de alegria ("atrela o tu arado a uma estrela")...E sigo arando a alma,onde o grande Pessoa fez colheita de semeadura mágica.

Sobretudo, gosto desse facies do Joaqim Evonio,de pessoa voltada pelo OUTRO, desse sorriso e dessa barba argêntea.E, ladra bem intencionada, captei pelo Google essa foto.E não é a primeira vez, mas sei que serei perdoada.Mais uma vez.Como resistir?
Uma vez, fiz para ele um poema sobre mãos queimadas -numa ocasião em que as teve assim e todos os amigos mobilizaram-se para mimá-lo.

Desta feita, volto às mãos.Mas mãos-asas

Mãos-asas

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

(para Joaquim Evônio)

Sim , sei que a pele reconstitui-se miraculosamente.
Qua o fogo não logrou o êxito da sempiternidade.
Livres, tuas mãos voam migratórias
para cumprir seus ternos e tensos, seus perenes e ciclos.

Tuas mãos -asas, de artista e bardo,
em poemas e debuxos,
escrevem meras, descrevem luxos
desses que apenas os poetas renomeiam
com tal nome.
preciosas -mãos:tatalar de criatividae,
veloidade adeqüada:
reinterpretas a prórpia inspiração
e a verve sai perfumada,
nuvem de indagações e de delícias,
ao olhar, um jardim de estrelícias,
vistas do avarandado olhar,
entressonhado entre os cílios.

Clevane Pessoa de Araúlo Lopes

Belo Horizonte, Brasil, em 07/07/2008

E agora, a enxurrada cristalina de sua chuva poética:


MENINAS DE GUERNICA

Tanta energia perdida
- pensou a bomba no ar

e os seios das meninas
inflaram só uma vez
antes da morte os levar



TEJO À NOITE

São luzes antropomórficas
verticais e embuçadas
a verter sombra no Tejo
mas recebendo os reflexos
das irmãs da outra margem
em estuário se abrindo
e levando para o mar
as mágoas e alegrias
tiradas às nossas almas
navegantes como outrora

os torreões levantados
fortalezas junto ao mar
são sinais do meu passado
e prenúncio do além

dum momento para o outro
o vento alevanta o rio
e as fragatas sonolentas
acordam em sobressalto

alvorada do amor
nasceu para toda a gente
em busca do universo

e as águas então paradas
espelho da noite alfim
revoltam-se alvoroçadas
vão a caminho da foz
e levam a nossa alma
que já era apenas uma
e toca nas duas margens
numa cantata de espuma


joaquim evónio
Chapitô, 13 Nov 06





CARAVELA

Tanto naveguei
e nem uma caravela

de tantas que naufragaram

me deixou uma só vela
uma estilha de saudade

APARIÇÃO
Um dia

na sala onde estiver

há-de entrar uma mulher

com fogo no olhar!

É a mulher

que sabe o que quer

e vem para ficar!

(JE)






Joaquim Evónio



Remador

sou um remador
passei a vida a sonhar
cada vez mais longe...
repousou o teu olhar
na palma da minha mão!



MORTE SOLITÁRIA

Tudo rejeito,
nunca pedirei socorro!

Hei-de morrer só e de pé
e saberei sempre do que morro:

Do excesso e da falta de fé!

<<<***>>>

Conforme escreveu nossa Poeta Cecília Meirelles, "que em sendo a Terra redonda/um dia nos encontraremos".Penso que ficaríamos horas a falar sobre flores e de versos...

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Poeta Honoris Causa pelo Clube Brasileiro de Língua Portuguesa, para oito países lusófonos.

Diretora Regional do InBRasCi.

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