sábado, 20 de dezembro de 2008

Cantos Para María Zambráno-Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Cantos Para María Zambráno-Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Canto I a María Zambráno

Qual a inquietação do exílio que mais tatalou tua alma?
Para onde te levaram os pensamentos de saudade e carência?
Onde ancoraste o teu barco de coragem,mulher?

Em que teceste a fina itonia de tua sensibilidade exacerbada?
O medo, colocaste em saco de grosso cânhamo,forrado
com veludo bordado
pelas mãos de educadora-cada palavra, um achado,
traçados de texto e contexto...

Nas contas de tua coragem,
onde enfiar a linha de ouro de tua verdade...
No olhar carete, o alcance de teu país, tão longe, tão perto...

Agora, há uma estátua a desafiar o tempo, María Zambrano,
com tua face bela e pungente.
os que te mam enxergam mais:
envolve-se esse pano
trabalhado enquanto exilada,
recamado de estrelas,denso embora
translúcido e transparente...

Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Poeta Honoris causa pelo Clube Brasileiro de Língua Portuguesa


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II

Maria Rebordada na memória

Não uma qualquer
Maria, mas Maria Zambrano
-de seda forte, o pano
onde se reborda sua vida,
mas também ,
aplicações de brim e lona,
cânhamo e linho.
Bela, forte e destemida mulher
-a filosofia de vida
perde a secura exata
na Poesia do verbo...
Maria, muito querida,
sempre será lembrada,
formiga e cigarra,
leoa e passarinho
-jamais esquecida.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes
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Mensageira da verdade:Bordadeira do verbo
III


Depois de idosa, trêmula,
a Memória volta viva à Espanha.
O Rei rende-lhe homenagens,
todos agora concordam:
"a verdade é o alimento da vida".
María muito querida,
caminheira,escritora,
pensadora,
passarinha a humana paisagem
com olhares de triagem
pessoal e em vôos constantes...

Maria Zambrano:
bordaste com fios de aço, ouro e seda,
maleáveis mas fortíssimos,
a história de teu tempo
no pano
de tua vida...

Clevane Pessoa de Araújo Lopes.

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IV-Dos Arremates-Maria Zambrano, arrematadeira de Palavras.

Seria mera rima, pano/Zambrano
não fosse a alegoria,
a filosofia que norteou tua existência:
antes, durante o exílio, após retornar
à patria madre,,,
"Os Quatro gisgantes da alma"
de Ortega Y Gasset
foram os traços que recobriste
com a arte do bordado.
Bordar, em tua lida:
dizer com palavras
tudo que lavras
em tua mente privilegiada...

Tudo bem arrematado

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

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