domingo, 15 de fevereiro de 2009

CÍRCULO SEMPRE VICIOSO - Clevane Pessoa




CÍRCULO SEMPRE VICIOSO - Clevane Pessoa


Grana, greve,
grave,grito,
grupo,groove,
greta,grilo,
caos,status,
status quo,
casta,costas,
cestos,cistos,
custos,grana.

Hip Hop,
Upa-upa,
oba-oba,maravilha,
a turma da festiva, chegou...

Mas onde estão os que sabem
das coisas certas a se fazer?
Onde estão os formadores de opinião?
E os políticos que em época de eleição
tinham todas as soluções?
Confluir, agir, interagir,
formar a teia mais-que-forte
onde o Outro somos nós,
onde outrem é igual a Alguém
que somos nós.
tão des/iguais...

Das calhas do tempo,
chove um contratempo
a cada minuto...

Resolver, quem há de?

Já descobriram a fórmula científica
da felicidade?
Adrenalina, endorfina, dopamina,
menino vira menina,
casam-se com gêneros similares,
formam lares, criam filhos.
Hormónios, feromônios enganadores?
Novos pares:
talvez melhores,"paidastros", "mãedastras",
mais de uma até:
"maior número de presentes",
"vamos fingir que é bom",
-fazer a manha, exigir tudo
em dupli,triplicata...

Um feixe de peixe,
papel nos ares.
No ano passado, li que
os japoneses inventaram
peixes eletrônicos
com pedacinhos de músculo artificial
encaixado entre os rabos
e os corpos.
Pescadores poderão pescar
sem ter de fritar as postas,
nem levar para a mulher escamar:
pescarão por condicionamento
mania igual a outra qualquer...

Na tradição koinobori (*),
crianças fazem os peixinhos,
as levíssimas carpas de tecido ou papel ,
que depois tremularão num mastro,
coloridas,na frente do azul do céu
parecem nadar no ar,
mas qual na água,
contra a correnteza...

Enquanto meu marido pescava
peixes reais com varas compridas
leves, de carbono,
em vez do antigo bambu da infância,
a esposa-poetisa e desenhista,
tentava captar o atraente movimento
dos peixes orientais,
importados , iguais aos bordados
em seu quimono.

Ao final do dia, ligamos o rádio do carro
e voltamos pelo caminho.
A "greve acabou":por cansaço,
por desesperança
ou a esperança renovou-se
à promessa de migalhas,
sem lembrar que amanhã, os preços dispararão,
os operários sonham com o domingo,
quando também pe(s)carão,
acreditando-se vencedores...

Quanto durará a ilusão?

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Esse poema foi publicado pelo professor e autor Carlos Vilarinho e está em seu blog, onde abriga amigos:

http://carlosvilarinho.blogspot.com/2008/10/carlos-soares-clevane-pessoa.html

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